MP diz que respiradores superfaturados nunca foram usados e estavam em depósito de universidade

Equipamentos foram comprados para uso na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Gurupi. Operação cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em cidades de Tocantins e Goiás.

Compartilhe:

>> Siga o canal do "Sou Mais Notícias" no WhatsApp e receba as notícias no celular.

A investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins (MPTO) revelou que os respiradores mecânicos adquiridos pela Prefeitura de Gurupi, no sul do estado, durante a pandemia de Covid-19 permanecem armazenados no depósito da Universidade de Gurupi (Unirg), sem terem sido utilizados até hoje.

Na manhã desta terça-feira (5), foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em residências, órgãos públicos e empresas localizadas em Gurupi, Porto Nacional, Palmas e Nerópolis (GO). A operação recebeu autorização da 2ª Vara Criminal de Gurupi.

A Prefeitura de Gurupi disse que os fatos sob investigação ocorreram durante a gestão do ex-prefeito Laurez Moreira (PDT), que atualmente ocupa o cargo de vice-governador do Tocantins. Laurez não é alvo da operação.

O município assegurou estar colaborando com as investigações, enquanto a universidade explicou que os equipamentos foram inicialmente guardados na Unidade de Saúde e transferidos para a Unirg durante uma reforma nas instalações da UPA.

A operação, denominada Ruach, é conduzida pelo Gaeco, com o apoio da Polícia Civil e Científica. O Ministério Público destacou que os respiradores foram adquiridos em agosto de 2020, por meio de dispensa de licitação devido à urgência decorrente da pandemia.

A HM Cirúrgica LTDA também foi alvo da ação. A advogada da empresa, Nayara Sampaio, afirmou que estão colaborando com as autoridades.

Apesar da compra dos respiradores, eles nunca foram instalados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que passou a ser administrada pela Unirg em 2022. Após sua entrega ao município, os equipamentos permaneceram sem uso, aguardando a instalação de uma rede de gás necessária para seu funcionamento.

Com o passar dos meses e a ausência da instalação da rede de gás, os respiradores foram cedidos ao Hospital Regional de Gurupi, onde também permaneceram sem utilização, armazenados em depósito.

A investigação abrange ex-gestores públicos, servidores e empresários, suspeitos de terem atuado em conjunto para desviar recursos públicos municipais por meio de contratação superfaturada e sem licitação. Além disso, um dos mandados foi cumprido na Secretaria Municipal de Saúde de Gurupi, e os investigadores também realizaram buscas em endereços dos investigados e empresas relacionadas.

>> Participe da comunidade do #SouMaisNoticias no WhatsApp

Prefeitura de Gurupi

A Prefeitura de Gurupi informa que a decisão judicial apresentada pelos policiais na Secretaria de Saúde (Operação Ruach), é relacionada a aquisição de respiradores para atendimento a pacientes na pandemia de COVID-19, realizada no ano de 2020, portanto na gestão anterior.

A Prefeitura de Gurupi esclarece também que colabora com as investigações e prestará todas as informações que forem solicitadas.

O que diz a HM Cirúrgica LTDA

Os fatos serão em tempo oportuno devidamente esclarecidos, e que a empresa HM CIRÚRGICA LTDA está colaborando com a operação policial.

O que diz a Unirg

Em relação a operação da Gaeco e Polícia Civil cumprir mandados que apuram a aquisição de respiradores em Gurupi em 2020, a Fundação UnirG, esclarece que:

  • A Polícia Civil foi na Unidade de Pronto Atendimento – UPA/24h, em virtude de um processo de licitação de 2020. Quando a UnirG assumiu a UPA, não havia nenhum processo licitatório relacionado a aquisição dos respiradores.
  • Os equipamentos estavam guardados na Unidade de Saúde e foram retirados para um depósito da Fundação UnirG, que oferece mais segurança, enquanto realizamos uma reforma no prédio da UPA, com intuito de melhorar o atendimento e gerar mais conforto para a população.
  • A Polícia Civil esteve na UnirG apenas para conferir a existência desses equipamentos que foram apresentados aos policiais.

A Fundação UnirG se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos e informa que continuará sempre contribuindo para o sucesso das investigações.