Pai do suspeito de matar PM relata temer o filho antes de ser executado na delegacia de Miracema do Tocantins

Manoel Soares da Silva disse que assumiu ser dono da espingarda encontrada na casa da família por medo de ser agredido: 'tenho medo de apanhar'. Ele e um outro filho foram executados por 15 homens encapuzados na delegacia.

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depoimento de Manoel Soares da Silva, de 67 anos, revela uma rotina de medo e ameaças dentro de casa. Ele é pai de Valbiano Marinho, o principal suspeito de matar o 2º sargento da Polícia Militar Anamon Rodrigues de Sousa em Miracema o Tocantins. 

Ao falar com o delegado, Manoel disse temer o filho e afirmou que assumiu ser o dono de uma arma encontrada na casa da família porque acreditava que seria agredido por Valbiano se dissesse que a arma era dele.

“O que ele [Valbiano] dizia pra mim é o seguinte. Que se a polícia chegasse dizer que aquela arma era dele. Cuma ele falou com a polícia lá no momento, eu fiquei até sem jeito de… se eu falasse que essa arma era dele eu ia ver o que ia acontecer comigo. E eu já sou uma pessoa de idade, eu tenho medo de apanhar, de ser machucado. Ainda mais por esse tipo de gente, tá entendendo?”, relatou o idoso.

A fala foi feita momentos antes de Manoel e outro filho dele, Edson Marinho, serem executados dentro da delegacia da cidade. O relatório preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que um grupo de 15 homens encapuzados invadiu o local, rendeu a equipe da Polícia Civil e matou os dois com “incontáveis” tiros de vários calibre.

Ainda na fala, Manoel disse que nunca tinha tido problemas com a polícia e que tentava orientar o filho para que arranjasse um trabalho.

“Se eu lhe disser que eu já fui preso ou processado eu tô mentindo. Nunca na minha vida. E se hoje eu tô aqui é por conta de filho errado, eu nunca ensinei ele fazer nada desse tipo de coisa. Que sempre eu dou conselho pra ele: meu filho vai trabalhar, você larga esse tipo de coisa de mão, que isso aí é complicado e é feio pro seu pai”, conta Manoel Soares.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Claudemir Ferreira, não há indícios do envolvimento de Manoel e Edson na morte do PM. “No primeiro momento não foi identificada nenhuma relação de prática criminosa por essas pessoas em períodos anteriores”, disse.

O delegado afirmou que uma força-tarefa vai “empenhar todos os esforços possíveis para poder desvendar esses episódios ocorridos em Miracema”.

Outros três jovens sem passagens pela polícia foram assassinados em Miracema do Tocantins no mesmo dia e ainda não está claro se há relação entre os casos.

Investigações sobre as mortes?

A Polícia Civil do Tocantins informou que já deu início às investigações relacionadas aos fatos ocorridos no sábado (4), na 10ª Central de Atendimento da Polícia Civil de Miracema. A corporação afirma que o caso está recebendo total atenção por parte da instituição.

Foto: Divulgação

Após o crime, a delegacia de Miracema está com reforço no policiamento. Foi pelo portão da frente que os 15 homens fortemente armados e encapuzados, renderam um agente e uma escrivã e mataram Edson e Manoel enquanto eles aguardavam procedimentos após prestar depoimentos. Uma força-tarefa foi montada para apurar o caso.

Valbiano Marinho da Silva, de 39 anos, também foi morto a tiros na casa da família, a PM que quando os policiais estavam na unidade policial receberam a informação de ele tinha sido assassinado.

A versão da PM é contestada pela mãe de Valbiano, a dona de casa Maria do Carmo Paula. Ela afirma que o filho estava algemado quando foi morto por policiais em casa.

Além dessas três, outras mortes foram registradas na cidade. Por volta das 10h deste sábado, três corpos foram encontrados no Loteamento Jardim Buriti. Os homens tinham perfurações pelo corpo, provavelmente ocasionados por arma de fogo. Conforme as informações no boletim, as vítimas são: Aprigio Feitosa da Luz, Gabriel Alves Coelho e Pedro Henrique de Sousa Rodrigues.

Fotos: Divulgação