Jovem que matou melhor amiga com tiro no rosto no MT é expulsa de faculdade de Medicina

Crime aconteceu em 2021m quando a jovem tinha 15 anos. Na época, ela foi indiciada por ato infracional análogo a homicídio doloso, com intenção de matar.

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A Faculdade São Leopoldo Mandic, uma das instituição de ensino superior mais cara do país, tomou a decisão de expulsar uma estudante de 18 anos do curso de Medicina na última sexta-feira . A medida foi desencadeada após colegas de turma reportarem à direção da instituição, situada em Campinas (SP), que a jovem estava diretamente envolvida em um caso de grande repercussão nacional em 2020: a morte trágica da adolescente Isabele Guimarães Rosa, vítima de um disparo no rosto realizado pela então melhor amiga, que acabou sendo a universitária expulsa, em um condomínio de luxo em Cuiabá, Mato Grosso.

A autora do disparo foi indiciada pela Polícia Civil em 2021 por ato infracional análogo a homicídio doloso, com intenção de matar. Ela passou cerca de 18 meses reclusa em uma unidade para menores infratores. Em junho de 2022, porém, após recurso apresentado pelos pais da jovem, a tipificação foi alterada para ato análogo a homicídio culposo, quando não há o intuito da morte, o que permitiu que a jovem ganhasse liberdade.

Após concluir o Ensino Médio, ela prestou vestibular e foi aceita em várias faculdades, incluindo a São Leopoldo Mandic, onde se matriculou em Medicina ao lado de sua irmã gêmea.

A decisão da expulsão da estudante da São Leopoldo Mandic uma sindicância interna, após a denúncia. Durante essa investigação, ficou evidente que a presença da jovem estava causando tumulto na comunidade acadêmica e poderia prejudicar a reputação da instituição, além de ser considerada incompatível com a prática da Medicina.

Um grupo de mães, preocupadas com a presença da estudante na turma, pressionou a direção para que ela fosse expulsa, argumentando que a segurança de todos estaria em risco. A decisão foi também influenciada pelo receio da comunidade acadêmica e pelo desconforto dos colegas de classe, que passaram a rejeitar a presença da jovem após tomarem conhecimento de sua história.

A São Leopoldo Mandic, por meio de nota, comunicou que a expulsão ocorreu em conformidade com suas normas internas e com o Código de Ética do Estudante de Medicina do Conselho Federal de Medicina (CFM), visando garantir a estabilidade no ambiente acadêmico e a segurança de todos os envolvidos. O diretor de graduação da instituição enfatizou que os valores pagos pela estudante serão reembolsados e que a decisão não afeta sua irmã gêmea, também aluna na faculdade.

O crime

Isabele e sua amiga eram vizinhas no condomínio residencial Alphaville I. No domingo, 12 de junho de 2020, Isabele convidou a colega para fazer uma torta de limão por meio do WhatsApp. Pegou os ingredientes, se despediu da mãe e dirigiu-se à casa da amiga no luxuoso condomínio. Ambas tinham 14 anos na época.

Mais tarde, na mesma tarde, o namorado da universitária, então com 16 anos, chegou à mansão com uma maleta contendo uma pistola de fabricação italiana Tanfoglio, calibre 38, preta e sem munição. Toda a família que residia naquela casa praticava tiro, incluindo a própria adolescente, que já havia ganhado várias competições nessa categoria.

Isabele Guimarães Rosa – Foto: Divulgação

Segundo os registros do processo que resultou na condenação da estudante a três anos de medidas socioeducativas, a pistola foi levada naquela ocasião porque o pai dela, um empresário bem-sucedido, estava interessado em comprá-la. No entanto, havia outra arma na maleta: uma pistola Imbel prateada, também calibre 38 e sem balas. O empresário instruiu sua filha de 14 anos a levar as duas armas para o segundo pavimento, onde seriam guardadas em um armário. Sem que ninguém percebesse, o namorado da adolescente carregou a pistola Imbel com munição.

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No segundo andar, conforme detalhado no processo, a estudante encontrou Isabele fumando um cigarro eletrônico escondido. Em seu depoimento, ela afirmou ter se assustado ao ver a amiga na porta do banheiro e acabou disparando a arma “sem intenção” e à queima-roupa, descrevendo o ocorrido à polícia como um “tiro acidental”. A bala atravessou o rosto de Isabele, saindo pela nuca e resultando em sua morte instantânea.

Apesar de alegar que o tiro foi acidental, a jovem foi acusada de ter realizado um “disparo seco”, sem munição. Na noite do incidente, o namorado dela conversou com seu irmão pelo WhatsApp, conforme evidências apresentadas no processo. O parente perguntou se ele havia deixado a arma carregada, ao que ele respondeu que as balas estavam no carregador, mas não na câmara, acrescentando em seguida que “a garota morreu”.

Patricia Ramos está movendo uma ação por danos morais no valor de R$ 2 milhões contra a família da jovem responsável pela morte de sua filha e contra a família do ex-namorado dela, que levou a arma para a residência onde o crime ocorreu. “Eles nunca se desculparam comigo”, lamentou a mãe, que também está buscando uma compensação financeira pelos R$ 40 mil gastos no funeral de Isabele. O adolescente que trouxe a arma, hoje com 20 anos, foi punido por posse ilegal de arma de fogo.