Serralheiro preso por estupros em série se passava por líderes religiosos para ganhar a confiança das vítimas, diz delegado

Segundo a polícia, Daniel Mauricio mentia conforme a religião da vítima. Crimes aconteceram na Grande Goiânia e número de vítimas subiu de 8 para 11.

Compartilhe:

>> Siga o canal do "Sou Mais Notícias" no WhatsApp e receba as notícias no celular.

O serralheiro Daniel Mauricio de Oliveira, preso por cometer estupros em série na região metropolitana de Goiânia, adotava uma tática de se passar por líderes religiosos de diferentes crenças para ganhar a confiança de suas vítimas. Segundo o delegado Rafael Borges, da 1ª Delegacia Distrital de Trindade, responsável pela investigação, o suspeito selecionava suas vítimas de forma aleatória, adaptando sua abordagem conforme a religião das mesmas.

“Dependendo da fé da vítima, ele se aproximava e ganhava confiança ao afirmar que também era seguidor daquela religião. A vítima de Santa Bárbara de Goiás segue a umbanda e ele se apresentou como pai de santo. Em algumas situações, ele se fazia passar por pastor, inclusive foram encontrados cartões de identificação de pastor em sua residência”, explicou o delegado.

A delegada Amanda Menuci, da Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem), também envolvida nas investigações, relatou que o número de vítimas atribuídas ao serralheiro aumentou de 8 para 11 após a divulgação do caso pela imprensa. As novas vítimas tinham respectivamente 66, 20 e 33 anos à época dos fatos, sendo abordadas de maneira idêntica aos outros casos.

“Em dois desses novos casos, o crime foi tentado; em um deles, houve tentativa de sequestro, pois não houve insinuação de prática sexual, embora, considerando o perfil do autor, isso seja implícito. Neste caso, o autor tentou forçar a vítima a entrar em seu veículo, abordando-a em um ponto de ônibus, mas um vizinho percebeu o pedido de socorro da mulher e conseguiu gritar para que o homem se afastasse”, explicou a delegada.

Com base nas denúncias das novas vítimas, o serralheiro enfrentará também acusações de tentativa de sequestro e importunação sexual. Segundo a delegada, ele expôs seus órgãos genitais a uma mulher em um ponto de ônibus.

O indivíduo foi detido no sábado (23) no bairro Solange Park, em Goiânia. O nome e a imagem do suspeito foram divulgados pela Polícia Civil na tentativa de identificar novas possíveis vítimas.

>> Participe da comunidade do #SouMaisNoticias no WhatsApp

Modus Operandi

A Polícia Civil esclareceu como o serralheiro Daniel Mauricio de Oliveira agia para cometer os crimes: usando carros de terceiros e dopando as vítimas para reduzir sua capacidade de defesa (veja abaixo detalhes de como o investigado operava).

A investigação revelou que as vítimas, com idades entre 11 e 66 anos, eram abordadas em ruas, principalmente em pontos de ônibus. Em muitos casos, o suspeito usava armas ou facas para ameaçar as mulheres e forçá-las a entrar nos veículos. A maioria das vítimas foi deixada em locais isolados, como rodovias.

Abordagem e crimes

Seis das onze vítimas tiveram os crimes confirmados por exames de DNA. Cinco dos incidentes ocorreram em Goiânia, e os outros três em Trindade, Santa Bárbara de Goiás e Goianira.

A delegada Amanda Menuci explicou que, para perpetrar os crimes, o serralheiro usava carros de terceiros para abordar as mulheres nas ruas, coagindo-as a entrar nos veículos por meio de ameaças ou oferecendo-lhes carona.

Serralheiro preso por estupros em série se passava por líderes religiosos para ganhar a confiança das vítimas, diz delegado
Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

“Um dos veículos estava registrado no nome de sua esposa. Seu filho trabalhava com conserto de carros, e é possível que ele utilizasse os carros de clientes sem o conhecimento destes. Essa é a linha de investigação que a Polícia Civil seguirá: identificar todos esses veículos”, detalhou a delegada.

Apesar de a maioria das vítimas ter sido forçada a entrar no veículo do suspeito, em dois casos, o indivíduo ofereceu carona às mulheres. De acordo com a delegada Amanda Menuci, nessas ocasiões, as vítimas entraram voluntariamente no veículo.

A delegada também observou que Daniel Maurício fingia pertencer à mesma religião que as vítimas para ganhar sua confiança durante o trajeto no carro.

Além disso, em muitos casos, o homem teria utilizado alguma substância para sedar as vítimas, diminuindo sua capacidade de defesa. Na maioria dos crimes, as vítimas foram deixadas em locais remotos, como rodovias. No entanto, a delegada mencionou que um dos crimes, que não teve confirmação por DNA, fugiu ao padrão de atuação do suspeito. Esse crime, ocorrido em 2024, teve lugar na residência da vítima.

Apesar de a forma como o crime foi cometido ter diferido dos demais casos, a delegada explicou que a mulher conseguiu fornecer uma descrição detalhada do homem e do veículo que ele utilizava. Além disso, o celular dela foi encontrado com o filho do suspeito, após Daniel instruí-lo a sumir com o aparelho. O filho do suspeito foi preso por receptação.