>> Siga o canal do "Sou Mais Notícias" no WhatsApp e receba as notícias no celular.
A advogada Jennifer Nayara foi presa na quinta-feira (11), em Aparecida de Goiânia, após a equipe policial ter invadido a casa de vizinhos para cumprir o mandado, A operação que resultou na detenção de da advogada arrombou o portão de uma casa procurando por ela, alvo de uma operação contra uma organização criminosa. Entretanto, ao entrar, foram surpreendidos por outros moradores, que, assustados, começaram a gravar a ação policial e questionar o ocorrido.
Após o nome da suspeita ser anunciado, a moradora expressou indignação: “Quem é Jennifer Nayara? O mandado está na casa errada”, disse. Apesar da resolução do mal-entendido, o casal registrou um boletim de ocorrência contra a equipe policial e procurou a corregedoria para denunciar abuso de autoridade.
Em resposta, a Polícia Civil continua afirmando que o mandado foi cumprido no endereço correto, conforme constava na ordem judicial. Alegam que o local foi determinado por investigação técnica, com base em informações obtidas por meio de quebra de sigilo telemático e vigilância policial in loco.
- Vídeo: Policiais arrombam portão durante cumprimento de mandado, mas invadem casa errada
- Imagens mostram quando policial invade casa por engano, aponta arma para moradora e a segura pelo pescoço
A nota também esclarece que os policiais da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) bateram no portão e chamaram os moradores várias vezes, sem resposta, o que os levou a arrombar o portão da casa, de acordo com o artigo 245, parágrafos 2º e 3º do Código de Processo Penal.
Quem é Jennifer Nayara
A advogada Jennifer Nayara foi presa por suspeita de associação com organizações criminosas, como parte da operação Veritas, iniciada em 2022. Segundo informações recentes da operação, ela atuava como “mensageira” para traficantes.
A defesa de Jennifer alega não haver qualquer conexão entre ela e a família da casa invadida por engano, além de serem apenas vizinhos. Ela mesma se entregou ao perceber a confusão na residência ao lado e ao ouvir seu nome ser mencionado.
A Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO) comunicou que acompanhou a operação de cumprimento de mandados judiciais realizada pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC) contra a advogada e continuará acompanhando o desenrolar do caso.
Vídeo mostra o momento em que a advogada descobre que o alvo era ela
Uma câmera de segurança capturou o momento em que a advogada Jennifer Nayara, ao sair de casa, descobre que é alvo de um mandado de prisão cumprido por engano na residência da vizinha, em Aparecida de Goiânia. Nas imagens, é visível que ela ainda está vestindo pijamas quando se dirige ao local devido à confusão (veja acima). Jennifer permanece detida.
Assista o vídeo:
O vídeo mostra Jennifer, o verdadeiro alvo do mandado, saindo de casa ao ouvir a agitação na residência em frente à sua. Vestindo pijamas, ela se aproxima da vizinhança e dialoga com um policial. Minutos depois, percebem o equívoco e dão voz de prisão à Jennifer, que é conduzida à delegacia.
- Vídeo mostra batida entre dois ônibus e caminhão que deixou 14 feridos em SP
- Polícia Federal realiza ação para resgatar barco com corpos encontrado no Pará
Operação veritas
Deflagrada em 2022, a operação Veritas resultou na prisão de 16 advogados suspeitos de visitar vários presídios em Goiás, transportando informações e recados para líderes do tráfico de drogas.
O delegado Thiago Martimiano, responsável pela operação dois anos atrás, explicou que a investigação revelou que esses advogados forneciam informações, inclusive para criminosos da favela do Morro dos Prazeres, no Rio de Janeiro (RJ).
Dentro desse esquema, os advogados, muitos deles iniciantes na carreira, recebiam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil por mês para transportar as informações.
No presídio de Planaltina de Goiás, um preso chegou a receber 600 visitas de advogados em um ano. “Essa média não é comum. Os presos não precisam de atualizações processuais tão frequentes. Esses advogados não prestavam serviços jurídicos. Alguns deles até mesmo transportavam drogas e armas para os presos fora do presídio”, detalhou Martimiano.
‘Foi aterrorizante’, diz moradora
Tainá Fontenele, a moradora da residência invadida por engano, descreveu a experiência como aterrorizante, especialmente quando uma das policiais apontou uma arma para ela.
“Foi aterrorizante. Minha filha estava atrás de mim e a policial com a arma em punho. Poderia acontecer uma fatalidade dentro da minha casa”, disse Tainá.
Ela afirmou que nunca havia passado por uma situação tão assustadora. “Eles bateram tão forte que eu disse ao meu marido para abrir o portão. Antes de abrir, a policial já estava com a arma em punho. Nunca passei por isso”, acrescentou. Tainá denunciou que, após perceberem o erro, os agentes tornaram-se mais agressivos e debochados.
“Fizeram sarcasmo. O policial mandou beijo, piscou para mim e disse: ‘vai lá na Corregedoria’. Eles falaram que não iria dar em nada”, lembrou a empresária.
O casal registrou a ocorrência na delegacia em 11 de abril e planeja processar os policiais e o estado. “Isso não é um simples erro. Isso está acontecendo com frequência e com muitos erros”, concluiu.