A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (19) a operação “Contragolpe”, que investiga um plano de golpe de Estado elaborado após as eleições de 2022. A organização criminosa visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, restringir o Poder Judiciário e realizar ataques contra autoridades. Entre os alvos a serem ‘neutralizados’ estavam o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, que seria monitorado, preso e executado caso o golpe fosse consumado.
Cinco pessoas foram presas, incluindo quatro militares do Exército ligados às forças especiais (“kids pretos”) e um policial federal. As prisões, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, ocorreram até na manhã desta terça.
ntre os detidos estão o general da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo, o major Rafael Martins de Oliveira e o policial federal Wladimir Matos Soares.
O Exército confirmou que mandados foram cumpridos em Goiânia e no Rio de Janeiro e informou prestar apoio às investigações e aos militares envolvidos. A operação foi impulsionada por dados restaurados de dispositivos eletrônicos, incluindo arquivos deletados do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
A investigação faz parte de um inquérito maior sobre tentativas de golpe de Estado e atos antidemocráticos relacionados ao processo eleitoral de 2022, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023. A conclusão do inquérito é esperada ainda este ano.
Militares queriam envenenar Lula, Alckmin e Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, tornou público os detalhes da operação contra militares suspeitos de planejar um golpe de Estado e a execução de autoridades como Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. Segundo a Polícia Federal, o grupo iniciou o monitoramento de autoridades em novembro de 2022, após uma reunião na casa do ex-ministro Braga Netto.
Planos incluíam envenenamento ou explosões para atingir Moraes, além da eliminação de Lula e Alckmin, utilizando métodos como envenenamento ou substâncias químicas para causar colapso orgânico. A PF descreveu a aceitação de “danos colaterais”, incluindo mortes, como parte do plano.
De acordo com a Polícia Federal, a organização criminosa era estruturada em cinco núcleos: ataques virtuais; sabotagem às instituições eleitorais e ao processo democrático; tentativa de golpe; disseminação de desinformação sobre vacinas e pandemia; e uso de bens e recursos públicos para enriquecimento ilícito, incluindo falsificação de cartões de vacina e desvio de presentes de alto valor destinados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Militares tentaram prisão clandestina de Moraes em 2022
Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) mostram que militares investigados por planejar um golpe de Estado em 2022 chegaram a se posicionar nas ruas de Brasília para uma possível “ação clandestina” contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. As mensagens foram trocadas em um grupo privado no aplicativo Signal chamado “copa 2022” e fazem parte da investigação que resultou na prisão de quatro militares do Exército e um policial federal na operação Contragolpe.
Segundo a PF, pelo menos seis pessoas participaram do plano em 15 de dezembro de 2022. Os envolvidos estavam estrategicamente posicionados em locais específicos de Brasília. Às 20h33 daquele dia, mensagens indicavam que um dos integrantes estava em um estacionamento no Parque da Cidade, enquanto outros aguardavam instruções. Um participante questionou: “Qual a conduta?” e recebeu a orientação de “aguardar”.
Minutos depois, a operação foi abortada por uma das lideranças do grupo, que enviou: “Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui ainda…”. Embora o conteúdo de ligações de áudio realizadas entre os membros não tenha sido recuperado, registros mostram que os telefonemas ocorreram.
A PF aponta que o grupo utilizava estratégias para evitar interceptação e investiga as ações como parte de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.