Mulher que perdeu dois filhos e o marido na chacina em Miracema do TO pede por justiça: ‘Vivendo só para lutar por esta causa’

Maria do Carmo é mãe do suspeito de matar o PM Anamon Rodrigues de Sousa. Segundo a Polícia Civil, o irmão e o pai do suspeito, executados em delegacia, não tinham envolvimento com o crime.

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Quase duas semanas após a chacina de Miracema do Tocantins a dona de casa Maria do Carmo Paula, de 62 anos, segue aguardando por respostas. Ela perdeu o marido e dois filhos na sequência de crimes aconteceu após a morte do 2º sargento da Polícia Militar, Anamon Rodrigues de Sousa, de 38 anos. Um dos filhos dela, Valbiano Marinho, é o principal suspeito de matar o PM, mas segundo a Polícia Civil o pai e o irmão dele não tinham envolvimento no caso.

“Tô vivendo só para lutar por esta causa porque o que eu quero é justiça. Meu velho, da idade que ele tinha, era só para trabalhar para sobreviver. Ele tinha uma pensão. O que ele tirava era para o sustento da casa. Tem uns quatro anos que ele largou de trabalhar na roça”, desabafa.

Nesta sexta-feira (18) o corpo de Valbiano foi exumado após um pedido da Polícia Civil. A bala encontrada no corpo dele será analisada por peritos. A polícia informou que no dia do crime Valbiano foi atingido por vários tiros de calibre diferentes. Um dos projéteis estava alojado em uma das vértebras da coluna dele, em um local de difícil acesso, e acabou não sendo retirado no momento da necrópsia. Na época da morte, a PM informou que houve confronto, mas a versão é contestada pela mãe.

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“Quando eu cheguei aqui estava tudo cheio de polícia. Pegaram meu filho, algemaram ele lá e trouxe o Valbiano. Eu tenho uma filha deficiente. Só tinha ela aqui nessa mureta. Botaram ele aqui e mandaram as crianças entrar para dentro. Os meninos entraram. E aqui a menina disse que só era claridão de tiro. Mataram ele bem aí algemado”.

Ela chegou a conversar com o irmão do suspeito antes dele ser assassinado dentro da delegacia e ele relatou o medo de deixar o prédio da delegacia. “Ele passou a noite baleado e só ligando. Edson, que horas vem? E ele: ‘não, mãe, até agora não. A última ligação foi 5 horas ‘Mãe eu pedi o delegado para botar nós num quarto porque ali fora está preto de polícia e não vem ninguém me buscar. O delegado diz que vai deixar nós aqui até o dia clarear”.

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As mortes

Tudo começou na noite da sexta-feira, 4 de fevereiro, depois que o 2º sargento da Polícia Militar, Anamon Rodrigues de Sousa, de 38 anos, morreu durante uma troca de tiros. Após o crime houve uma sequência de homicídios. Entre os mortos está Valbiano Marinho da Silva, o suspeito de matar o policial.

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Horas depois o pai e irmão dele, Manoel Soares da Silva, de 67 anos, e Edson Marinho da Silva de 37 anos, foram mortos a tiros dentro da delegacia da Polícia Civil de Miracema por 15 homens encapuzados e armados. Laudos preliminares sobre as mortes concluíram as vítimas receberam ”incontáveis” tiros de vários calibres.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Claudemir Ferreira, não há indícios do envolvimento das vítimas na morte do PM. “No primeiro momento não foi identificada nenhuma relação de prática criminosa por essas pessoas em períodos anteriores”, disse.

Outros quatro jovens foram baleados na cidade. Destes, três morreram e um sobreviveu. As vítimas que não resistiram são: Pedro Henrique de Sousa Rodrigues, Aprigio Feitosa da Luz e Gabriel Alves Coelho. Nenhum deles tinha passagem pela polícia.

A sequência de mortes está sendo investigada. Duas semanas após o crime, nenhum suspeito foi preso.

*Por G1