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Enormes crateras têm surgido no topo das Serras Gerais, na divisa entre Tocantins e Bahia. Pedras e areia deslizaram morro abaixo, assoreando nascentes de rios e córregos. A raiz do problema está ligada ao cultivo irregular de soja em terras baianas. Fazendeiros foram multados em R$ 4 milhões pelo Ibama, no entanto, a resolução da questão ainda está distante.
O relevo da região é claramente definido: na parte superior da serra, onde estão as plantações, é território baiano. Já na área de mata mais preservada, abaixo, pertence a Tocantins.
A região está sob monitoramento há aproximadamente um ano, desde que moradores denunciaram a presença de água turva em rios que antes eram cristalinos. Devido à localização na divisa, os órgãos ambientais estaduais têm atuação limitada, levando o Ibama a assumir o caso.
“Observamos que as propriedades lá em cima, na Bahia, são grandes, com pouca vegetação nativa. São áreas extensas que já foram desmatadas”, explicou Leandro Costa, superintendente do Ibama no Tocantins.
Bahia e Tocantins fazem parte do Matopiba, uma das principais fronteiras agrícolas do país, incluindo Maranhão e Piauí. A região é intensamente explorada por plantações, resultando em conflitos ao longo do tempo.
As lavouras na área são predominantemente de soja, e as regras estabelecem que deveria haver um distanciamento mínimo de 100 metros do início dos barrancos na serra. Além disso, é proibido o plantio em Áreas de Preservação Permanente (APP).
De acordo com os fiscais ambientais, ambas as regras foram desrespeitadas. “Existe o uso intensivo do solo, com manejo inadequado, acelerando o processo de erosão. Constatamos atividades sem licença ambiental e uso da área de APP”, afirmou o superintendente.
Além das multas aplicadas aos fazendeiros da Bahia, o Ibama também embargou áreas, mas inspeções recentes revelaram que a proibição do uso do solo não está sendo cumprida. O Ministério Público Estadual também está analisando o problema, identificando 20 crateras preocupantes.
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Uma situação crítica é em Lavandeira, no sudeste do Tocantins. O ribeirão que abastece a cidade foi impactado, assim como outros dois rios. O ecoturismo é uma das principais atividades econômicas do município.
O secretário de meio ambiente de Tocantins já procurou o governo da Bahia em busca de uma solução conjunta. Ele afirma que fazendeiros se comprometeram a resolver o problema, mas a efetividade das decisões é um desafio.
“Uma coisa é falar que vai resolver o problema, outra é resolver de fato. O que esperamos do Governo da Bahia é que atue conosco para que os autos [de infração] sejam cumpridos”, disse o secretário Marcelo Lellis.
O Ibama estima que a área em risco pode ultrapassar mil quilômetros na divisa entre os dois estados.
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