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Um estudo da Universidade de Boston, publicado no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, revelou que passar horas nas mídias sociais, seguir perfis de celebridades e utilizar filtros para melhorar fotos está associado a um maior desejo por intervenções estéticas e a um aumento na procura por essas consultas. Segundo os autores, embora a decisão de se submeter a um procedimento estético seja complexa, há uma clara relação entre o uso das redes sociais, a autoestima e a aceitação dessas técnicas.
“Esse fenômeno é observado na prática, com um aumento significativo no número de pacientes buscando procedimentos para alcançar um padrão de beleza idealizado. Eles desejam uma pele sem poros, sem rugas ou olheiras, um corpo perfeito, sem celulite ou flacidez, e com o abdômen definido. Além disso, o uso crescente de videoconferências intensifica a autocrítica em relação à própria aparência”, afirma a dermatologista Barbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Os pesquisadores chegaram a essas conclusões após avaliar questionários de 175 pacientes de um ambulatório de dermatologia. As perguntas abordavam o tempo gasto em aplicativos como Instagram e Snapchat, os perfis seguidos e a intenção de realizar procedimentos estéticos, além de conversas com familiares, amigos e médicos sobre o assunto.
Metade dos entrevistados passava mais de uma hora por dia nas redes sociais, e 24% entre duas e quatro horas diárias. A maioria (72%) seguia celebridades e influencers, e 40% acompanhavam contas de dermatologistas e cirurgiões que mostravam resultados de procedimentos. Esses fatores, junto ao uso de editores de imagem, foram correlacionados a uma maior suscetibilidade a intervenções estéticas.
O artigo destaca que, embora as redes sociais não sejam a causa direta desse desejo, elas podem estimular os mais suscetíveis, sendo eficazes em disseminar informações e fazer propaganda, transformando usuários em potenciais pacientes.
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“Muitos adolescentes e pré-adolescentes buscam procedimentos para parecer com seus ídolos, conforme os padrões mostrados pela sociedade e nas redes. É importante diferenciar um desejo legítimo da necessidade de correção de algo estético”, diz a psicóloga Caroline Nóbrega, do Hospital Israelita Albert Einstein. “As redes sociais, embora conectem, também podem criar expectativas irreais e pressões sociais sobre nossa aparência”, completa Barbara Miguel.
A psicóloga alerta que, se a preocupação com a aparência se torna excessiva de repente, é necessário avaliar a motivação e se isso está prejudicando a qualidade de vida da pessoa. “Devemos lembrar que as redes mostram o que querem mostrar, e o que serve para um pode não servir para quem está olhando”, diz Nóbrega.
Identificar as razões para o desconforto estético pode ajudar, considerando a idade da pessoa, suas queixas, o impacto na autoestima e no convívio social, bullying ou riscos de sequelas futuras, como cicatrizes de acne, explica a dermatologista.
Sem uma motivação clara e uma avaliação criteriosa, pode haver impactos emocionais, como aumento da insatisfação corporal, baixa autoestima e depressão. “É essencial cultivar a autoaceitação e a autoestima, independentemente dos padrões externos de beleza. A verdadeira beleza vem de dentro e não pode ser definida por curtidas e seguidores nas redes”, aconselha Barbara Miguel.
Antes de optar por um procedimento estético, considere os seguintes pontos:
- Escolha do profissional: Verifique a formação, experiência e credenciais do profissional, como o RQE e o registro no CRM.
- Informação: Entenda os limites, possibilidades, riscos e benefícios dos procedimentos.
- Comunicação: Seja claro sobre expectativas, preocupações e histórico médico.
- Avaliação dos riscos e benefícios: Todos os procedimentos têm riscos que devem ser cuidadosamente avaliados.
- Realismo nas expectativas: O objetivo deve ser aumentar a confiança e o bem-estar, não buscar uma perfeição inatingível.
- Modismos: Avalie se o procedimento é realmente necessário ou apenas uma tendência passageira.
- Procedimentos definitivos: Cuidado com métodos que podem trazer complicações irreversíveis.
- Diálogo aberto: O apoio da família é crucial para esclarecer dúvidas e percepções.
As especialistas também ressaltam a importância de controlar o uso das redes sociais, seguir perfis que incentivem a diversidade e a positividade corporal, e desenvolver um pensamento crítico em relação às imagens idealizadas que vemos online.
*Com informações da Agência Einstein