Um recém-nascido indígena da etnia Apinajé morreu durante um parto realizado dentro de uma ambulância em Tocantinópolis, Tocantins. O caso gerou forte comoção e levou a Associação União das Aldeias Apinajé (PEMPXÀ) a emitir uma nota de repúdio, denunciando a falta de atendimento adequado à gestante.
Segundo a associação, a mãe buscou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) após sentir dores, foi liberada, mas o bebê acabou falecendo durante o trajeto de volta à unidade de saúde.
O Caso
A tragédia aconteceu na última quinta-feira (14). Conforme relato da PEMPXÀ, a mãe, grávida de nove meses, começou a sentir dores na quarta-feira e, na madrugada do dia 14, foi levada à UPA de Tocantinópolis, onde foi avaliada e liberada para retornar à aldeia, sem diagnóstico de trabalho de parto. Posteriormente, as dores se intensificaram e ela apresentou sangramento.
Quando estava na Casa de Apoio em Tocantinópolis, a equipe de saúde indígena foi acionada. Durante o transporte na ambulância para a UPA, o parto ocorreu, mas o bebê, embora ainda respirando, não resistiu.
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O presidente da associação, José Eduardo Apinajé, lamentou a situação. “Queremos justiça para que episódios como esse não voltem a ocorrer. Nosso povo não quer mais sofrer essa dor.”
Por meio de nota, o Ministério da Saúde lamentou profundamente o falecimento da criança e destacou que a UPA não é equipada para atendimentos obstétricos, recomendando que casos de parto sejam direcionados a hospitais ou maternidades de referência. Segundo a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), a equipe de saúde indígena seguiu os protocolos estabelecidos e prestou os primeiros socorros, mas o recém-nascido não sobreviveu.
“As equipes agiram dentro dos protocolos e estão colaborando integralmente com a investigação em andamento para esclarecer os fatos”, informou a Sesai.
O Hospital Municipal de Tocantinópolis, em comunicado, informou que, durante a primeira consulta, a gestante não apresentava sinais de trabalho de parto nem sangramento. Ao retornar, após o parto realizado fora da unidade, o bebê já estava sem vida. O hospital apontou que o recém-nascido tinha malformações congênitas, com características de prematuridade.
“O óbito não foi causado pelas condições do parto, mas pelas deformidades anatômicas”, explicou a direção do hospital.
Repercussão
O caso está sendo investigado pela Secretaria de Saúde Indígena e outras autoridades competentes. A comunidade Apinajé exige uma apuração rigorosa para que sejam esclarecidas as falhas no atendimento e se façam as devidas correções para evitar tragédias semelhantes no futuro.
O Ministério da Saúde reforçou seu compromisso em melhorar o atendimento à saúde indígena e ofereceu apoio psicológico à família e à comunidade, diante desta irreparável perda.
*Com informações do G1