PF prende quatro pessoas suspeitas de atentado contra acampamento de trabalhadores rurais no Tocantins

Um homem foi morto e outro ficou ferido, além de barracos que foram destruídos e queimados, durante ataque de pistoleiros. Dez mandados de busca e apreensão também foram cumpridos pela Polícia Federal.

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Uma operação da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta quarta-feira (11), resultou na prisão de quatro pessoas suspeitas de envolvimento no ataque a um acampamento de trabalhadores rurais em Palmeirante, na região norte do estado. Os agentes também cumpriram dez mandados de busca e apreensão em cidades do Tocantins, Goiás e no Distrito Federal.

Chamada de Terra Arrasada, a operação investiga o ataque contra assentados do acampamento Maria Bonita, no última sexta-feira (6). A terra é alvo de disputa judicial e pertence à União. Durante o atentado um homem foi morto e outro ficou ferido. De acordo com a PF, trabalhadores foram vítimas de ameaça, sequestro e roubo. Barracos também foram incendiados e destruídos.

Nesta quarta-feira, cerca de 50 policiais federais cumpriram os mandados expedidos pela Justiça Federal do Tocantins. As ordens judiciais foram cumpridas em Colinas do Tocantins, na zona rural de Palmeirante, Brasília (DF) e Goiânia (GO).

Segundo a PF, o objetivo da operação é buscar elementos e provas que identifiquem todos os envolvidos no atentado e impedir que outras ações criminosas ocorram em razão dos conflitos agrários na região.

Os investigados poderão responder pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, sequestro, incêndio, invasão de terra da União, esbulho possessório, roubo, invasão de domicílio, porte ilegal de arma de fogo e organização criminosa. As penas somadas podem passar de 85 anos de reclusão.

O nome Terra Arrasada faz referência a uma estratégia de guerra em que os combatentes queimam ou destroem suas próprias terras no intuito de que inimigos não possam utilizar de suas benfeitorias.

Entenda

A área em que vivem dezenas de famílias pertence à união e é alvo de uma batalha judicial. Na sexta-feira (6) o local foi invadido por pistoleiros que atearam fogo em barracos, mataram um homem a tiros e tentaram matar outra vítima. As casas que não foram queimadas acabaram sendo derrubadas com tratores. As famílias que não estavam no local encontraram tudo destruído ao retornar. Os poucos bens foram espalhados e até animais foram mortos.

O homem que foi assassinado é Getúlio Coutinho dos Santos, de 54 anos. Ele foi morto com dois tiros. De acordo com a Polícia Militar, a vítima estava na garupa de uma moto, seguindo em direção à própria casa. Getúlio não fazia parte do grupo de trabalhadores que disputam a posse da terra. O homem era dono de uma chácara onde vivia e a terra dele, inclusive, já estava titulada. Ele morreu no local e o amigo que guiava a moto ficou ferido, mas conseguiu fugir e foi socorrido.

As famílias ocupam a área há cerca de cinco anos. Em maio deste ano, o fazendeiro que alega ser dono de parte do terreno, obteve o direito de reintegração de posse de parte do terreno. A decisão foi dada pela 1º Vara Cível de Colinas do Tocantins e parte dos trabalhadores foram retirados do local.

A região é marcada por conflitos agrários porque a área pertence à União. O Ministério Público Federal, inclusive, espera que essa decisão seja revista.