Uma operadora de telemarketing de 29 anos sofreu injúrias raciais, xenofóbicas e gordofóbicas enquanto trabalhava em Trindade, cidade próxima a Goiânia. O caso ocorreu na terça-feira (7), quando a jovem, uma estudante de administração e mãe de duas meninas, foi alvo de ofensas graves durante uma ligação com um cliente. “Sua preta, imunda, nordestina, pobre, telefonista”, foram alguns dos insultos.
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A estudante explicou que as ligações aos clientes são realizadas automaticamente pelo sistema da empresa, que atua como correspondente bancária oferecendo empréstimos para aposentados. Após cada ligação, é necessário preencher dados no sistema e, automaticamente, um número de protocolo é enviado via WhatsApp para o cliente, usando o celular corporativo da operadora.
Durante o expediente, ao ligar para um número cadastrado em nome de uma mulher, um homem atendeu e reagiu com agressões verbais. “Ele começou a me xingar, usando palavras como ‘desgraça’, ‘vagabunda’ e ‘piranha’. Fiquei desesperada, porque ele viu minha foto no WhatsApp”, relatou a jovem.
Ouça o áudio
Após o primeiro contato, o sistema rediscou para o número, o que levou a novas ofensas. “Quando ele atendeu novamente, me chamou de preta e fez ataques racistas. Eu tentei me defender e desliguei o telefone.”
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Ofensas graves pelo WhatsApp
O homem continuou enviando mensagens de áudio pelo WhatsApp, onde proferiu ofensas de teor racista, xenofóbico e gordofóbico, afirmando ser “loiro, de olhos verdes” e morador de Santa Catarina.
“Ele disse coisas como: ‘Preta, imunda, pobre, telefonista. Você não é ninguém. Eu sou inteligente, moro em um apartamento lindo e você é um lixo de gente’.”
Após apagar os áudios e bloquear a assistente, o agressor encerrou o contato.
A vítima desabafou sobre o impacto das ofensas. “Chorei muito. Nunca tinha escutado algo assim. É muito doloroso ouvir essas palavras. Ele acha que só por ser preta não sou capaz ou não sou ninguém. Isso me afetou profundamente.”
Providências legais
A jovem registrou um boletim de ocorrência por injúria racial na Delegacia de Trindade e busca por justiça para que situações como essa não aconteçam com suas filhas no futuro.
O advogado da vítima, José Luiz Oliveira Júnior, destacou que o caso reflete um problema social mais amplo. “Apesar de maior conscientização sobre direitos, muitos agressores continuam desacreditando na lei e agem como se suas posições individuais fossem superiores a qualquer norma legal.”
O caso está sendo investigado, e a vítima aguarda providências das autoridades para que o agressor seja responsabilizado.
*Com informações do G1