Veja o que se sabe sobre a ‘Dama do Crime’ que comandava o PCC no Tocantins

Apontada pela polícia como mandante de ataques, logística e gerenciamento de drogas, Lúcia Gabriela Rodrigues está presa desde dezembro, e é uma das investigadas na operação que investiga a atuação da facção no Tocantins. Durante a ação nesta terça-feira (4), 15 pessoas foram presas.

Lúcia Gabriela Rodrigues, conhecida como “Dama do Crime”, está sendo investigada por gerenciar a venda e o armazenamento de drogas em diversas cidades do Tocantins. Segundo um inquérito da Polícia Civil, a jovem de 25 anos ocupava o topo da hierarquia do Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado. Dentro da facção, Lúcia liderava outros membros, distribuía funções e organizava a logística do tráfico.

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Ela foi um dos principais alvos da Operação Asfixia, deflagrada pela Polícia Civil nesta terça-feira (4). A ação resultou na prisão de 15 pessoas, sendo dez no Tocantins e cinco em São Paulo. Segundo as autoridades, os traficantes investigados também são suspeitos de usar armas importadas da Turquia para cometer assassinatos em Palmas.

As investigações contra o grupo começaram em fevereiro de 2024. Lúcia já estava presa desde dezembro, após ser alvo de outra operação, e agora teve uma nova ordem de prisão preventiva cumprida.

A defesa da investigada informou que está apurando as novas acusações e se manifestará em breve.

Como a ‘Dama do Crime’ comandava o tráfico?

Mensagens trocadas em grupos de WhatsApp, acessadas pela polícia, mostram que Lúcia Rodrigues mantinha uma lista detalhada com o nome de todos os pontos de venda de drogas, conhecidos como “lojas”. Para manter o controle financeiro da operação, ela cobrava relatórios diários de venda e estoque dos traficantes.

O inquérito aponta que, no grupo, ela fazia um “fechamento” diário, um balanço das vendas. Quando um ponto de venda esgotava o estoque, os traficantes avisavam que a “loja estava sem nada”. Posteriormente, essa função foi repassada a outra mulher identificada como “Tempestade”, também investigada.

Além disso, Lúcia era responsável por receber as drogas e reabastecer os pontos de venda. Em uma conversa interceptada pela polícia, ela menciona que procurava uma casa para hospedar as chamadas “formigas que vêm de longe”, ou seja, os responsáveis pelo transporte das drogas.

A investigação também revelou um áudio em que Lúcia dá ordens para formar um grupo restrito, com o objetivo de organizar ataques e eliminar membros de uma organização rival. No áudio, ela convoca os “irmãos” a se unirem, reunindo armas e dinheiro para “fazer o bagulho acontecer”. Ao final, ela se coloca à disposição para tratar de outras demandas da facção.

O elo entre traficantes e o PCC

Além de coordenar o tráfico local, Lúcia Gabriela Rodrigues era o elo entre traficantes do Tocantins e líderes do PCC em São Paulo. A estrutura do grupo sob seu comando era hierarquizada e funcional, operando de forma semelhante a uma empresa.

Com a quebra de sigilo telefônico autorizada pela Justiça, a polícia teve acesso a diversas mensagens em que Lúcia usava os codinomes “Dama” e “Larissa”. Os investigadores apontam que ela era responsável pela gestão financeira e operacional da organização criminosa no estado.

A jovem já havia sido presa em julho de 2024, quando foi flagrada com mais de R$ 300 mil em drogas. Na ocasião, conseguiu um habeas corpus, alegando ser a única responsável pelo filho de quatro anos. Após ser solta, teria debochado da situação nas redes sociais, segundo a polícia. No entanto, meses depois, foi presa novamente, em dezembro, e desde então está detida na Unidade Prisional Feminina de Palmas.

Dinheiro apreendido pela Polícia Civil
Foto: Reprodução
Operação Asfixia

A operação foi deflagrada simultaneamente em Palmas, Araguaína, Paraíso e Porto Nacional (TO), além de Praia Grande e Barueri (SP). A Polícia Civil cumpriu 16 mandados de prisão contra integrantes do PCC, sendo que um suspeito continua foragido.

As investigações apontam que o grupo movimentou cerca de R$ 20 milhões nos últimos dois anos. Durante as diligências, foram apreendidos:

✅ Celulares
✅ Máquinas de cartões
✅ Cartões bancários
✅ Cadernos com anotações do tráfico
✅ Mais de R$ 16 mil em dinheiro

Operação prende membros do PCC que importavam armas da Turquia e movimentaram R$ 20 milhões em dois anos
Foto: Divulgação

Além disso, foram emitidas 20 ordens de bloqueio de contas bancárias ligadas ao esquema criminoso.

O grupo é suspeito não apenas de tráfico de drogas, mas também de lavagem de dinheiro e do uso de armas importadas da Turquia para cometer homicídios em Palmas. A investigação revelou ainda que o PCC atua em outros estados, incluindo Piauí, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte, mas tem sua base principal em São Paulo.