STJ prorroga afastamento de desembargador do Tocantins investigado por venda de sentenças

Decisão da Corte atendeu pedido do MPF. Ronaldo Eurípedes de Souza está afastado do TJ desde abril de 2020, quando começou a ser investigado na Operação Madset.

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Está prorrogado por mais um ano o afastamento do desembargador do Tribunal de Justiça do Tocantins Ronaldo Eurípedes de Souza, acusado de venda de sentenças. A decisão da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) atende novo pedido do Ministério Público Federal (MPF), que denunciou o desembargador por corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro

Ronaldo Eurípedes era um dos alvos da operação Madset, deflagrada em abril de 2020 e que investigava uma organização criminosa suspeita de negociar decisões judiciais no Tribunal de Justiça do Tocantins. Com a ação ilegal, o desembargador teria triplicado o patrimônio, alcançando R$ 11,5 milhões entre os anos de 2013 e 2015.

Em abril de 2022, a Corte havia prorrogado a medida até o dia 27 de abril deste ano. A sessão que definiu a manutenção do afastamento ocorreu em sessão na quarta-feira (19).

Conforme a certidão de julgamento, todos os integrantes da Corte acompanharam o voto do relator do processo, ministro OG Fernandes, que entendeu que os motivos que autorizaram o afastamento inicial continuam válidos.

O ministro afirmou que é impossível “viabilizar que um agente público suspeito de abjeta conduta continue ditando o que é justo ou injusto, ou quais sentenças de primeiro grau devem ser reformadas”.

Patrimônio triplicado

O MPF ofereceu denúncia sobre o caso em 2021. O órgão pediu que o desembargador perca a função pública e seja condenado a devolver mais de R$ 3 milhões.

Ronaldo Eurípedes atuava como advogado no Tocantins e ingressou no Tribunal de Justiça por meio do quinto constitucional, um dispositivo jurídico que determina que um quinto das vagas de determinados tribunais brasileiros seja preenchido por advogados e membros do Ministério Público.

Na decisão, consta que nos três anos anteriores à sua posse – em 2010, 2011 e 2012 – o desembargador movimentou cerca de R$ 4,5 milhões nas suas conta bancárias. Nos três anos posteriores à sua posse – em 2013, 2014 e 2015 – o volume de recursos movimentado quase triplicou, alcançando cerca de R$ 11,5 milhões. Conforme o ministro, nos anos seguintes, a tendência de alta continuou a ponto de atingir em 2017, mais de R$ 12 milhões.

Investigações preliminares revelaram indícios da participação de um grupo de advogados nas negociações criminosos e uma expressiva movimentação financeira entre os envolvidos, conforme a procuradoria federal.