Servidor de escola de Porto Nacional é afastado do contato com estudantes após conversa com aluna sobre assédio viralizar

Caso foi em escola estadual de Luzimangues. No diálogo, a estudante pergunta se tem culpa de ser assediada por conta da roupa que está usando. 'Dependendo de cada roupa, tem', diz o profissional.

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Após uma conversa sobre assédio viralizar nas redes sociais, um servidor de uma escola pública do Tocantins foi afastado do contato com os estudantes. Nas imagens, o orientador, em conversa com uma aluna, diz que “dependendo de cada roupa” a mulher tem culpa de ser assediada. O vídeo já soma cerca de 7 milhões de visualizações no Tik Tok

A gravação foi feita por uma estudante, de 15 anos, durante uma conversa com o orientador educacional da Escola Estadual Beira Rio, no distrito de Luzimangues, em Porto Nacional. O material foi editado e publicado nas redes sociais.

A gravação teria acontecido na última quarta-feira (13). No dia seguinte, a adolescente procurou a delegacia de Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência. No documento, consta que o caso se trata de comunicação de violação dos direitos da criança e do adolescente.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), o orientador foi afastado das atividades que tenham contato com alunos. Disse que a unidade de ensino levará a situação ao conhecimento do Conselho Tutelar, pois se trata de uma aluna menor e acompanhará as decisões que dele forem tomadas.

Nas imagens, a menina aparecendo chorando e pergunta: “Eu tenho culta de ser assediada por causa da minha roupa”? O orientador diz: “Dependendo de cada roupa tem”.

A adolescente mostra que estava usando um tênis, uma calça jeans e uma blusa regata de cor preta.

O diálogo segue:

  • Estudante: É isso? A culpa do assédio é minha pela roupa que eu estou usando?
  • Orientador: Em certas partes é, você entendeu? Estou chamando você para conversar, você não está gostando, imagina se eu olhar para você com segundas intenções?
  • Estudante: Meu Deus, eu tenho 15 anos. Olha a minha idade e olha o que tu está falando, cara.

O vídeo mostra outro diálogo, desta vez com o diretor da unidade. Ela pergunta se ele concordava que o assédio era culpa da vítima. Ele respondeu: “não concordo”.

Mais de 25 mil pessoas, entre anônimos e famosos, comentaram na publicação lamentando o fato.

O que diz a Secretaria Estadual da Educação

A Secretaria Estadual da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) informa que está acompanhando atentamente a denúncia feita pela estudante e que a Diretoria Regional de Educação, Juventude e Esportes (DRE) de Palmas, à qual a unidade de ensino é jurisdicionada, já afastou o servidor das atividades que tenham contato com alunos. Por orientação do Núcleo de Assuntos Disciplinares da Seduc, a unidade de ensino levará a situação ao conhecimento do Conselho Tutelar, pois se trata de uma aluna menor e acompanhará as decisões que dele forem tomadas.

Além disso, a Regional encaminhará, formalmente, a demanda para o Núcleo de Assuntos Disciplinares para que seja aberta uma Sindicância Administrativa Investigativa para a verificação aprofundada dos fatos.

A Seduc se posiciona veementemente contrária a toda e qualquer situação de assédio e ressalta que os procedimentos necessários serão adotados para que a estudante seja amparada e os envolvidos, responsabilizados. Por fim, esta gestão assegura que não tolera qualquer ato que vá de encontro ao direito das mulheres de serem respeitadas.

*Com informações do G1