Sargentas da PM foram flagradas atuando como babás para filha do governador do Tocantins, diz relatório da PF

Situação foi registrada durante as buscas feitas na residência de Mauro Carlesse (PSL) no dia 20 de outubro.

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Relatório da Polícia Federal aponta que agentes da corporação encontraram uma sargenta da Policia Militar atuando como babá para a filha caçula do governador Mauro Carlesse (PSL). A situação foi registra durante buscas no apartamento dele no último dia 20 de outubro, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) o afastou do cargo. Um relatório da PF sobre a operação afirma que enquanto as buscas eram feitas a sargenta chegou ao local.

O documento aponta ainda que assim que a PM entrou no imóvel, a criança correu diretamente ao encontro dela. Diante da situação, os policias questionaram o ajudante de ordem do governador, um major que acompanhava as buscas. Ele teria então informado de que duas PMs “cuidam diariamente da filha do governador, acompanhando-a à escola, shopping e demais atividades rotineiras”.

A defesa do governador Mauro Carlesse disse que não vai se manifestar sobre o assunto. O comando da Polícia Militar para comentar ainda não se manifestou sobre o caso.

Como o ato pode configurar improbidade administrativa, a PF recomendou que a questão seja levada ao Ministério Público.

Ainda de acordo com o relatório, no apartamento foram apreendidos documentos e mídias eletrônicas, inclusive itens de dentro de um cofre que foi aberto pelo próprio governador. Todo este material ainda está sendo analisado pelos investigadores.

O documento afirma ainda que Carlesse levou aproximadamente três minutos para abrir a porta do apartamento e que justificou a demora dizendo que estava tomando banho. Ele se recusou a fornecer as senhas dos dois aparelhos celulares apreendidos no local.

A investigação

Mauro Carlesse (PSL) deve ficar fora do Governo do Tocantins pelos próximos seis meses. A determinação é do Superior Tribunal de Justiça e foi motivada por denúncias apresentadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.

A decisão individual foi tomada pelo ministro Mauro Campbell em apuração sobre suposto pagamento de propina e obstrução de investigações. “É uma medida drástica, mas reconheço que muito necessária”, afirmou o relator.

Segundo a PF, o afastamento fez parte de duas operações complementares, que investigam:

  • pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores estaduais: a investigação, que teve início há cerca de dois anos, estima que cerca de R$ 44 milhões tenham sido pagos a título de vantagens indevidas;
  • obstrução de investigações: A PF acredita que o governo estadual removeu indevidamente delegados responsáveis por inquéritos de combate à corrupção conforme as apurações avançavam e mencionavam expressamente membros da cúpula do estado;
  • incorporação de recursos públicos desviados: dados do Coaf mostram movimentações financeiras de grandes quantias, em espécie, sem comprovação de capacidade econômica, realizadas por pessoas ligadas ao governo;

Com o afastamento de Carlesse, quem assume o Poder Executivo durante este período é o vice-governador, Wanderlei Barbosa (sem partido).

*Com informações do G1