Os paraenses são conhecidos pelo jeito característico de falar “chiando”, mas esse é apenas um aspecto do sotaque do Pará. Ou melhor, dos diversos sotaques presentes no estado, que tem uma área tão vasta que abriga várias formas distintas de falar português, dependendo da região.
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O famoso ‘s’ com som de ‘x’ é o que o sotaque paraense tem em comum com o carioca, bastante conhecido no Brasil. Isso faz com que muitos confundam os dois sotaques.
O tema pode gerar discussão, dada a confusão linguística. O engenheiro civil, cantor, poliglota e professor de línguas Raphael Munhoz publicou um vídeo que tem conquistado os internautas nas redes sociais.
De maneira didática, ele explica o que faz o sotaque paraense ser tão único e como ele se diferencia do sotaque carioca.
Assista o vídeo:
Raphael, de 35 anos, além de abordar o português na internet e ensinar o idioma a estrangeiros, também leciona inglês, alemão, espanhol, francês e finlandês.
Natural de Limeira, São Paulo, é de lá que ele grava os conteúdos que o tornaram conhecido como o “rapaz dos sotaques”.
“Há muito tempo, muitos paraenses pediram para eu fazer esse vídeo. Como o Pará é um estado imenso, vou focar no sotaque de Belém, lembrando que, mesmo em Belém, as pessoas não falam da mesma forma […]. Na minha humilde opinião, o sotaque paraense é um dos mais bonitos do Brasil”, comentou no vídeo.
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O que diferencia os dois sotaques?
“O paraense chia muito o ‘s'”, destacou o professor. Segundo ele, isso é o que leva à confusão com o sotaque carioca. Porém, existem diferenças.
“O carioca chia o ‘s’, mas insere uma letrinha ‘i’ antes. Por exemplo, ele não fala ‘péx’; ele fala ‘péIx’. Ele diz ‘escolaIx’. Ele coloca uma letra ‘i’ antes de chiar”, explicou.
Já o paraense (de Belém) não faz isso. Ele tem um chiado mais linear, dizendo ‘péx’, ‘pessoax’. Para mim, o que faz o ‘s’ do paraense soar tão distinto é que o chiado é feito em uma posição um pouco diferente na boca (com a língua) do que no carioca.
No vídeo, Raphael demonstra na prática como essa diferença se manifesta na fala.
“É quase como se, ao falar, o paraense projetasse a boca para frente”.
Características do sotaque paraense
Como Raphael mencionou no vídeo, em todos os sotaques do Brasil onde ocorre o chiado, quando uma palavra termina com ‘s’ e a próxima começa com uma vogal, o chiado desaparece. Por exemplo:
Não se fala ‘maix (pausa) ele’. Diz-se ‘maizêle’, como se as palavras estivessem unidas.
Além do chiado, o professor explica que os paraenses palatizam o ‘ti’ e o ‘di’. Assim, ao contrário de outros sotaques do Brasil, eles pronunciam ‘thi’ e ‘dhi’, adicionando o som do ‘h’ entre as letras.
Essa característica também se aplica ao ‘l’ e ao ‘n’ em muitas palavras. Por exemplo, “linda” e “menina” em Belém soam como:
“Carol é uma ‘lhinda menhina’.”
Repercussão
Esses são apenas alguns exemplos que Raphael usou no vídeo para destacar as peculiaridades do sotaque paraense. O vídeo viral já acumulou quase 150 mil visualizações.
“Sou fascinado por línguas desde muito jovem […]. Isso me levou a estudar diversas línguas e suas fonéticas. Reproduzir sons tão diferentes e interessantes é um grande prazer para mim. Como os sotaques são uma consequência dessas variações fonéticas, eles também me fascinam.”
Raphael, que nunca visitou o Pará, mas deseja conhecer o estado, revelou que estudar novas línguas foi o que ampliou sua percepção para as nuances da fala.
“Decidi fazer os vídeos para trazer um conteúdo legal e informativo sobre coisas que amo e sempre quis compartilhar”, concluiu. Nos comentários, muitos paraenses se identificaram com as observações feitas por Raphael.