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Com o intuito de contribuir na conscientização acerca da erradicação do trabalho escravo contemporâneo, aconteceu na manhã desta quarta-feira (9), no auditório da Defensoria Pública Estadual do Tocantins (DPE-TO), uma Roda de Conversa sobre direitos humanos e o lançamento de livros da Rede de Ação Integrada para Combater a Escravidão (Raice).
O evento foi uma realização da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-TO). Para o Frei Xavier Plassat, agente da Comissão Pastoral da Terra no Tocantins (CPT Araguaína-TO), coordenador da Campanha Nacional da CPT de combate ao Trabalho Escravo e membro da Coetrae, a roda de conversa serviu para apresentar um novo programa realizado para prevenir e combater o trabalho escravo, o Raice.
“Um dos pontos mais complicados de se combater o trabalho escravo é que, além de ser um fenômeno invisível, pois temos que fazer um esforço considerável para detectar, identificar e revelar, a gente percebe que o problema continua inteiro. Mesmo os trabalhadores que foram um dia resgatados, eles voltam para a sua situação de vulnerabilidade que os levou a serem escravizados. Esse é um ciclo vicioso e temos como principal desafio quebrá-lo”, explicou o Frei.
Já Brígida Rocha, assistente social, especialista em Gestão Pública pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e representante do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran (CDVDH/CB) na Comissão para Erradicação do Trabalho Escravo do Estado do Maranhão (Coetrae-MA), comentou que o diagnóstico sobre o trabalho escravo desenvolvido no Maranhão, no Tocantins, no Pará e no Piauí, foi necessário principalmente por serem os estados destaques tanto nos índices, por encaminharem e exportarem trabalhadores para esse tipo de situação, como também por os escravizarem.
“Passamos a discutir, juntos, como seria esse processo de pesquisa e essa metodologia. Nós não queríamos uma pesquisa estritamente científica, com estatísticas, mas qualitativa como algo que pudesse considerar os elementos que a gente já tinha em mãos de demandas do trabalho escravo. Nós nos preocupamos, especialmente, como seria a abordagem a esses trabalhadores, porque o foco seria fazer o levantamento a partir da vivência deles, assim pudemos ter muito mais elementos que possibilitaram identificar se o trabalhador se reconhecia na situação de trabalho escravo e qual a sua compreensão sobre o que ele estava vivenciando”, destacou a assistente social.
A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) e a DPE-TO foi parceiras na realização do evento.
Livros
Na ocasião, também foram lançadas as obras: Por Debaixo da Floresta; Amazônia Paraense Saqueada com Trabalho Escravo e Entre Idas e Vindas; Normas Dinâmicas de Migração para o Trabalho Escravo, que teve a coordenação executiva de Brígida Rocha e Carolina Motoki da Central Pastoral da Terra, no ato, representada pelo Frei Xavier.
Por Debaixo da Floresta – Amazônia Paraense Saqueada com Trabalho Escravo
Encomendada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), dentro do Programa Raice, e do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran (CDVDH/CB), a pesquisa de campo na região do Rio Tapajós revela que, para a extração ilegal de madeira, hoje, aninhada em áreas “protegidas”, o trabalho escravo é prática “necessária”. Trabalhadores são abandonados à própria sorte, enredados em esquema de dependência, violência e medo.
Entre Idas e Vindas – Normas Dinâmicas de Migração para o Trabalho Escravo
Conduzida em 50 comunidades de 20 municípios do Maranhão, do Pará, do Piauí e do Tocantins, a nova pesquisa do Programa Raice (Comissão Pastoral da terra e Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran) mostra a realidade das famílias de trabalhadores migrantes em distintos tipos de comunidades. O estudo comprova a tese de que o trabalho escravo nunca será erradicado se não forem atacadas as causas estruturais que levam as famílias a estarem vulneráveis.
Foto: Nara Moura