A origem do Caprichoso foi o grande destaque da segunda noite de apresentações do boi-bumbá azul na 52ª edição do Festival Folclórico de Parintins. A primeira alegoria, criada pelo artista Jucelino Ribeiro, retratou a lenda de Dom Sebastião, rei de Portugal, que, aos 24 anos, partiu para o Marrocos com o objetivo de converter os mouros ao cristianismo. O monarca desapareceu misteriosamente, e, segundo a lenda, ele ressurge em noites de lua cheia na praia dos Lençóis, na Amazônia maranhense, sob a forma de um boi com uma estrela brilhante na testa. Durante todo o espetáculo, o Caprichoso apostou em tecnologia e inovação para encantar o público.
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“A gente pensou muito em trazer um espetáculo jamais visto, inovador. Trouxemos uma estrutura nova, apresentada nas Olimpíadas, com ilusionistas, iluminação de ponta, guindaste e uma equipe que trabalha o ano todo para apresentar um show de nível nacional”, destacou Ronaldo Barbosa, membro do Conselho de Arte do boi azul.
A galera do Caprichoso estava animada e interagiu intensamente com a apresentação. Mariana Benevides, de 21 anos, moradora de Manaus, participa do festival desde 2010 e já está sem voz de tanta empolgação. “Toda vez fico assim, sem voz. No terceiro dia, ninguém nem conversa mais comigo porque não consigo falar. Sempre que o Caprichoso entra, eu começo a chorar, fico arrepiada. É um amor inexplicável”, contou a torcedora.
A apresentação do Caprichoso começou às 20h do sábado (1º) e terminou pontualmente às 22h30. No entanto, o boi azul pode perder pontos devido a uma falha em uma alegoria, que derrubou, sem gravidade, a porta-estandarte Marcela Marialva.
Já o Garantido entrou na Arena do Bumbódromo por volta das 23h15. O boi vermelho trouxe para a segunda noite o tema “Folclore e a resistência cultural”, um verdadeiro clamor pela preservação da cultura do boi-bumbá amazônico, suas origens e tradições. A degradação da Floresta Amazônica também foi lembrada na clássica toada “Lamento de Raça”, que emocionou a galera encarnada na voz do levantador de toadas Sebastião Júnior. O auto do boi, que narra a lenda que deu origem ao festival, ganhou destaque com uma gigantesca alegoria do boi vermelho.
A torcedora Selma Dadi, fã do Garantido, está confiante na vitória de seu boi. “Hoje acho que o Garantido veio para ser campeão. A energia da galera, da Batucada, conta muito no festival. Contagiou geral. Até os jurados estavam interagindo com a gente, e isso significa muita coisa”, afirmou.
Há 30 anos, a técnica de enfermagem Ana Paula Oliveira Fernandes integra a Batucada, a bateria do boi vermelho. Vinda de uma família apaixonada pelo Garantido, ela conta que, a cada edição, a emoção é única. “Minha família é praticamente toda da Batucada. Meu irmão toca surdo, minha irmã toca palminha. Cada ano é uma emoção diferente, e a cada noite dá um frio na barriga”, disse Ana Paula.
O Garantido encerrou a segunda noite do Festival Folclórico de Parintins às 1h45 da madrugada. Neste domingo (2), último dia da festa, o boi vermelho será o primeiro a entrar na Arena do Bumbódromo, às 20h, enquanto o Caprichoso ficará responsável pelo grande encerramento do evento.
(Agência Brasil)