Monte do Carmo faz uma grande festa para homenagear três divindades

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Os festejos de Monte do Carmo (TO) se caracterizam por reunir três comemorações em uma só, onde se homenageia o Divino Espírito do Santo, e as duas santas, a Nossa Senhora do Carmo, a padroeira da cidade, e a Nossa Senhora do Rosário

Entre os dias 07 e 15 de julho acontece novenas e leilões e no dia 16 pela manhã acontece a missa de Solenidade de Nossa Senhora do Carmo. Milhares de pessoas estiveram reunidas. Para a padroeira não tem festa, como explica a jornalista Marilda Amaral, “as homenagens para a Nossa Senhora do Carmo se concentra através de novenas e leilões de oferendas doados pela comunidade”,ressalta .

Solenidade do Divino
Logo após a missa, acontece a folia das mulheres, acompanhadas por alguns homens, que as seguem tocando instrumentos de folia, e um alferes, que carrega a bandeira da misericórdia. Essa é a única participação feminina dentro da folia. O cortejo das mulheres é o ponto inicial para a solenidade do Divino Espírito dentro dos festejos do Carmo.

Logo após a saída das mulheres, a folia tradicional entra em cena, realizando o canto do imperador, e logo após os foliões também saem pelas ruas da cidade, entrando nas casas que desejam ser recebidas pela bandeira, fazendo seus cantos e as rezas, e colhendo donativos.

Coroação do Imperador
A noite o Imperador a ser coroado sai da casa da festa, sendo conduzido pelos três alferes, os das bandeiras do Divino das folias de cima, a de baixo e o da Bandeira da Misericórdia. O foliões, pessoas da comunidade e visitantes seguem o cortejo segurando velas confeccionadas com cera de abelha, em direção à casa do imperador do ano anterior, Juntos eles seguem em e direção a Praça da Matriz onde são pelo pároco da igreja.

O padre após recebê-los transmite a coroa, o cetro e o manto, os símbolos de poder e autoridade, para o novo imperador, realizando assim a sua coroação. Em seguida o pároco dá inicio a Santa Missa em solenidade ao Divino do Espírito do Santo. Finalizando a Missa, o novo Imperador, juntamente com o antigo, o pároco e autoridades locais seguem para a casa da festa onde é oferecido um café com bolos pelo novo Imperador.

Nossa senhora do Rosário
As solenidades de Nossa Senhora do Rosário no habitual é celebrada em outubro, mas tem uma importante presença nos festejos de Monte do Carmo. Sempre inicia após o encerramento da Missa do Divino Espírito Santo  realizada na manha do dia 17 de julho.

O marco inicial desta festa é a caçada da rainha, que aconteceu no período da tarde do mesmo dia.  Ao som dos tambores no ritmo da sússia milhares de pessoas que mesmo debaixo de um sol escaldante e muito calor, reuniu milhares de pessoas seguem o cortejo da futura rainha e sua corte, rumo ao seu acampamento chamado de “botequim”, localizado na periferia da cidade.

Sobre a origem dessa caçada, muitas teorias se misturam, onde de acordo com o professor de geografia da UFT – universidade Federal do Tocantins, Elizeu Lira, que acompanha os festejo há muitos anos, existe uma junção entre a rainha branca e a rainha negra, que segundo ele, no continente africano eram realizadas essas caçadas. A pesquisadora Elvanir Matos Gomes, explica que a caçada pode ter como referencia também a nobreza européia, que saia com sua corte, para esse tipo de evento, que era tido como diversão.

Já Marilda Amaral, lembra o mito existente na cidade com a imagem de Nossa senhora do Rosário. Ela explica que de acordo com a lenda, a imagem foi encontrada por escravos e trazida para a cidade. Posta na igreja, a santa desaparecia no dia seguinte e era encontrada no local onde tinha sido achada. E esse fenômeno foi se repetindo, até que um cortejo foi realizado com muita dança e ao som dos tambores e assim, encerrou-se a série de desaparecimentos.
A caçada termina no fim da tarde, com o retorno da futura rainha a sua casa (Casa da Rainha).

Os Caretas
Com disfarces grotescos e satíricos para ocultar a sua identidade, os caretas são figuras marcantes durante a caçada da rainha. Armados com cipós, eles aparecem fazendo a festa, assustando e divertindo as crianças e os adultos. Segundo Elvanir Matos, eles seriam uma referencia aos bobos da corte, presentes na realeza européia. no entanto, Elizeu Lira, ressalta a questão do “revide”, escravos fantasiados, que aproveitava do disfarce para bater nas crianças brancas, filhas dos seus malfeitores.

Coroação
Ao cair da noite, a futura rainha ao lado do Futuro rei, Héder sai em cortejo, em direção a Igreja Nossa Senhora do Carmo, acompanhados do rei e rainha do ano anterior. O cortejo é recebido pelo padre que realizou a coroação do novo rei e rainha, repassando a eles a coroa, o certo e o manto. Em seguida  é celebrada a Santa Missa, em solenidade a Nossa Senhora do Rosário, a protetora dos pobres e negros.

Ao termino da Missa, a nova rainha e o novo rei saem em cortejo de volta à casa da rainha, onde é oferecido um café e uma grande diversidade de bolos, aos presentes.

Encerramento
Na manhã no dia 18 de julho, a rainha acompanhada do rei sai em cortejo acompanhados pelos congos. Um grupo folclórico que representa a guarda da rainha, e segue uma hierarquia, onde o mestre dos gongos, de vestimenta vermelha e branca e de coroa dourada, é quem dita as regras e deve ser respeitado, os demais congos, os de vestimentas azul e branca, e verde e branca,

As taieiras, as dançarinas do rei, com suas roupas coloridas dançando ao ritmo da sússia também seguem a rainha. Cortejo termina na praça da Matriz, onde é realizada a Missa para Nossa Senhora do Rosário. Ao termino o Cortejo segue de volta a casa da rainha, mas dessa vez acompanhado pelos tambores. Uma mesa farta de bolos da região esperava os festeiros, finalizando assim os festejos do Carmo.

Culinária Típica
Umas das principais características da festa é a fartura de comida, principalmente os bolos, ricos em diversidades.  “amor perfeito”, as pipocas (petas), “trovão”, o bolo de arroz, que são preparados em formas e em palhas de bananeiras, o bolo de puba, o “dourado”, o biscoito de coco, o biscoito de queijo, o “pé rachado”, são alguns das delicias que podem ser apreciadas. O bolo de mãe é um dos dos mais procurados na festa. Trata-se de um bolo a base de polvilho, ovos, óleo quente e fermento de arroz. É muito saboroso e a maneira de seu preparo é um grande segredo mantido pelas “boleiras”, que segundo as moradoras, apenas com amor de mãe se consegue fazer.

 

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