Investigação aponta que Mauro Carlesse usou empresa para comprar fazenda por R$ 2 milhões no Jalapão

Governador e dezenas de servidores foram afastados por seis meses pelo Superior Tribunal de Justiça. Polícia Federal investiga pagamento de R$ 44 milhões em propinas.

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Um dos indícios que contribuíram para o afastamento de Mauro Carlesse (PSL) foi a compra de uma fazenda em Mateiros, na região do Jalapão, por mais de R$ 2 milhões. Segundo as investigações, o governador utilizou uma “pessoa interposta” – laranja – para realizar a aquisição da propriedade. Operações da Polícia Federal iniciadas na semana passada investigam recebimento de propina, lavagem de dinheiro e obstrução de investigações policiais executados por uma suposta organização criminosa no governo do estado.

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A suspeita da polícia é de que o grupo causou um prejuízo que pode superar os R$ 44 milhões mediante a dissimulação de serviços e fornecimento de insumos com a utilização de notas fiscais frias, causando prejuízos, por exemplo, ao Plano de Assistência à Saúde dos Servidores do Tocantins – Plansaúde e ao próprio erário público.

Os fatos, publicados pelo Jornal do Tocantins, constam na decisão do ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o afastamento de Mauro Carlesse e diversos servidores na semana passada.

A investigação apontou que o esquema teria natureza permanente e inúmeras movimentações financeiras, em espécie foram realizadas para empresas ligadas ao governador Mauro Carlesse e ao então secretário Claudinei Aparecido Quaresemin.

Conforme destacado pelo Ministério Público Federal, o Plansaúde pagou mais de R$ 561 milhões a fornecedores entre 1º de janeiro de 2018 a 10 de novembro de 2020. Desse valor, o órgão estima que mais de R$ 30 milhões podem ter sido desviados.

Somente nos dois anos iniciais do governo de Carlesse, o pagamento de propina teria sido de R$ 2.215.230,08. Parte dos recursos teria sido transferida até para conta pessoal de Mauro Carlesse.

Dentre os vários indícios apontados pelos investigadores está a compra da fazenda. A decisão não vincula a propriedade no Jalapão com a suposta propina movimentada com dinheiro do PlanSaude, mas para o ministro teria “comprovado a contemporaneidade” dos fatos investigados.

A aquisição da fazenda foi concretizada dia 27 de julho pela empresa Maximus’s Participações, na pessoa do seu diretor-presidente, Erick de Oliveira Araújo. No dia seguinte à compra o governador assinou o repasse de recursos públicos para construção de um aeroporto na região do Jalapão.

A investigação apontou que a empresa tinha como sócio-diretor o próprio governador Mauro Carlesse, que deixou de integrar o quadro societário no mesmo dia em que Erick se tornou sócio.

Para tentar justificar as grandes movimentações de dinheiro, os investigados alegaram ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a suposta venda de gado. Porém, a Polícia Federal apurou que ou foram emitidas guias de transporte animal para os próprios investigados e outros casos nem sequer foram emitidas guias de transporte.

O que dizem os citados

O advogado Juvenal Klayber, que representa o governador Mauro Carlesse e o ex-secretário Claudinei Aparecido Quaresemin, foi procurado e informou que ainda não é o momento de se manifestar sobre as investigações.

Os demais citados nesta reportagem não foram encontrados para comentar os fatos.

Operações

O governador mauro Carlesse e dezenas de agentes públicos foi determinado monocraticamente pelo ministro Mauro Luiz Campbell e confirmado pela corte do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Polícia Federal fez buscas na casa de Carlesse e na sede do governo do Tocantins. Foram apreendidos dois veículos de luxo do governador, levados para a sede da PF em Palmas.

As investigações que resultaram na determinação de afastamento do governador Mauro Carlesse pelo STJ são resultado de duas operações da PF, chamadas Éris e Hygea, que investigam:

  • pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores estaduais (Hygea);
  • obstrução de investigações (Éris);
  • incorporação de recursos públicos desviados (Hygea).

*Por G1