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Mairu Hakuwi Kuady Karajá, de 28 anos, carrega com orgulho suas raízes étnicas. Há sete anos, o estudante trabalhava na limpeza de banheiros para financiar seus estudos durante o ensino médio, e hoje está cursando doutorado em Paris, na França.
“Sempre tive o sonho de fazer intercâmbio, mas não sabia como ou quando. Enfrentei dificuldades financeiras e de perspectiva”, recorda.
Pertencente ao povo Karajá, que vive na Ilha do Bananal, Mairu estuda relações internacionais. Ele se formou na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e concluiu o mestrado na Universidade de Brasília (UnB), onde fez parte do Observatório dos Direitos e Políticas Indigenistas. Agora, no doutorado, ele continua a preservar os conhecimentos dos povos originários.
“Para mim, estar neste lugar é muito especial e inspirador para minha comunidade”, comenta.
Indígenas que buscam educação superior frequentemente retornam às suas aldeias para contribuir com suas comunidades.
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Para facilitar o acesso dos indígenas ao ensino superior, o Ministério da Educação criou um grupo de trabalho para estudar a criação de uma universidade indígena. Para Mairu, essa iniciativa representa um avanço na valorização da cultura indígena.
“Isso fortalece nossa identidade, nosso sentido de pertencimento, e também nossa representação política. É uma maneira de reivindicar nossos direitos, deveres e valores”, afirma Mairu.
Pioneira em cotas para indígena
A UFT foi a primeira universidade brasileira a estabelecer cotas para estudantes indígenas em seus processos seletivos, iniciando essa prática em 2004. No estado do Tocantins, a população indígena ultrapassa 20 mil pessoas, representando 1,32% da população total.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Tocantins é o segundo estado brasileiro com maior percentual de indígenas vivendo em terras indígenas, com quase 76% da população nessa condição. Apenas o Mato Grosso tem um índice ligeiramente maior, de quase 78%.
Quando foi aprovado no vestibular, Mairu compartilhou suas experiências sobre as dificuldades enfrentadas antes e depois de ingressar na universidade. “As pessoas pensam que é fácil, mas não entendem que competimos em condições desiguais, com desafios únicos de cada povo. Primeiro aprendemos nossas línguas maternas e, só então, o português, que é muito difícil”, explicou.