Governador do Tocantins teria usado máquina do estado para investigar suposta infidelidade, diz revista

A ação policial teria sido motivada após um vídeo postado na internet revelar um caso amoroso entre a primeira-dama e um vaqueiro.

Compartilhe:

>> Siga o canal do "Sou Mais Notícias" no WhatsApp e receba as notícias no celular.

O governador Mauro Carlesse (PSL), afastado do cargo por 180 dias, teria usado o aparado estatal para investigar suposta infidelidade. O inquérito que levou ao afastamento do governador, aponta que Carlesse surpreendeu, ao colocar a polícia no rastro de um caso de traição envolvendo a primeira-dama, Fernanda Carlesse, de 35 anos. As informações são da Revista Veja.

Saiba mais sobre o afastamento de Mauro Carlesse

Segundo a revista, a história começou em junho do ano passado, quando o promotor de eventos de rodeio Ernandes Araújo procurou deputados federais do estado para pedir ajuda. Ele havia passado onze dias na cadeia, acusado de uso e tráfico de drogas. O rapaz contou que tinha sido vítima de um flagrante forjado. Agentes sem mandado judicial e supostamente investigando uma denúncia anônima invadiram a casa dele e encontraram pacotes de cocaína escondidos. Ernandes foi algemado e preso em flagrante.

A ação policial teria sido motivada porque dias antes o promoter tinha sido apontado como autor de um vídeo postado na internet que revelava um caso amoroso entre a primeira-dama e o vaqueiro Welisson Barbosa de Souza. O vídeo mostrava fotos íntimas de Fernanda e cópias de mensagens que ela trocou durante um bom tempo com o suposto amante através de um aplicativo.

Vaqueiro personagem do escândalo era identificado como “Natália” na agenda da primeira-dama – Foto: Reprodução

Ainda de acordo com a revista, na agenda de contatos da primeira-dama, Welisson era identificado como “Natália”. A PF, que já investigava o governador por outras denúncias, acrescentou mais essa ao rol o que, depois de meses de diligências, comprovou que o rapaz estava dizendo a verdade. Ele tinha mesmo sido vítima de uma armação.

Na ocasião, os agentes federais recuperaram imagens de câmeras de segurança que mostravam um carro a serviço do Departamento de Inteligência da polícia do Tocantins parado nas proximidades da casa de Ernandes às vésperas do flagrante. Também colheram provas de que a casa do promoter foi invadida no mesmo dia, certamente para “plantar” a droga. E nenhuma das autoridades estaduais conseguiu explicar de onde partiu a tal denúncia anônima. Para a Polícia Federal, o governador foi o mentor da trama.

“Fiquei na prisão e estou pagando por isso até hoje, psicologicamente e também na minha vida profissional. Não consigo arrumar um emprego, já que na minha ficha consta esse flagrante forjado”, diz Ernandes a VEJA. O promoter conta ainda que desde que seu nome apareceu envolvido no caso da traição, sua vida virou um inferno.

Ernandes é amigo de Welisson, o suposto amante, o que ele acredita ser o motivo de logo ter sido apontado como autor do vídeo, o que ele nega. A retaliação não tardou, primeiro com ameaças de todo tipo e, depois, com o tal flagrante. Com medo de ser morto, o promoter tenta ingressar no programa de proteção a testemunhas.

“Minha vida sofreu uma tremenda reviravolta”, ressalta ele, o único dos personagens que, aparentemente, teve de mudar radicalmente sua rotina. O vaqueiro, que confirmou ao amigo o caso com a primeira-dama, continua morando com a esposa em Gurupi, no sudeste do estado. Procurado pela revista, ele não quis se manifestar.

Promoter – Foto: Reprodução
Acusações

Afastado co cargo no mês passado, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador Mauro Carlesse é apontado como chefe de uma quadrilha que desviou 44 milhões de reais dos cofres do estado. Em plena pandemia, os hospitais autorizados a atender o plano de saúde dos funcionários do estado eram instados a pagar propina. A negociação dos porcentuais era feita diretamente com o governador e o dinheiro arrecadado, usado, entre outros fins, para aumentar o já enorme patrimônio de sua família.

A íntegra do inquérito que a VEJA teve acesso, além das evidências mais do que contundentes de corrupção, aponta que Carlesse usava o aparato estatal para outros fins. No terreno político, investigava e perseguia adversários. Foram colhidos indícios de que o governador estava por trás de uma investigação ilegal que foi feita contra o deputado Vicentinho Júnior (PL-TO).

O parlamentar teve os telefones interceptados clandestinamente e as informações colhidas foram parar em um dossiê apócrifo.

Pedido de impeachment

Na Assembleia Legislativa do estado há um pedido de impeachment e um requerimento para a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Mas nada que preocupe o governador afastado. Carlesse tem o apoio de 22 dos 24 deputados estaduais. Tranquilo, ele tem despachado com assessores na sede do seu partido, o PSL, enquanto se prepara para reassumir o cargo em abril. O único inconveniente é que desta vez, ao que tudo indica, sem a companhia da primeira-dama.