O empresário Joseph Madeira foi preso durante uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga supostos desvios de verbas destinadas à compra de cestas básicas no Tocantins, durante a pandemia. Joseph, que era alvo de um mandado de busca e apreensão, teria sido detido por não ter em posse um celular que deveria ser apreendido. A operação também investiga o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, seus dois filhos, e a primeira-dama.
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A operação, chamada Fames-19, foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deflagrada na manhã desta quarta-feira (21) para cumprir 42 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares patrimoniais. Detalhes sobre o envolvimento de Joseph na investigação não foram divulgados, uma vez que o inquérito corre em sigilo.
Joseph Madeira é empresário e escritor, além de presidir o Sindicato das Empresas de Segurança Privada, de Transporte de Valores, de Cursos de Formação e de Segurança Eletrônica do Estado do Tocantins (SindespTO) e a Associação Comercial de Palmas (Acipa).
A defesa de Joseph disse que a prisão ocorreu porque o celular pessoal de Joseph não foi encontrado durante a operação e classificou a ação como um “abuso de poder” e alegou que, no momento das buscas, Joseph não estava em casa.
A defesa alega ainque após ser contatado pelo delegado, Joseph retornou à sua residência e cooperou com a ordem judicial. O celular em questão foi entregue pelos advogados às autoridades.
Após ser preso, Joseph passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Palmas e foi encaminhado ao presídio de Palmas.
Investigação
A operação Fames-19 investiga desvios de recursos públicos através da distribuição de cestas básicas durante a pandemia de COVID-19. O governador Wanderlei Barbosa, que era vice-governador na época, entre 2020 e 2021, é um dos principais alvos. A PF informou que há indícios de um esquema em que empresas contratadas para fornecer cestas básicas receberam o valor integral dos contratos, mas entregaram apenas parte dos itens acordados.
A primeira-dama, Karynne Sotero, que também é secretária extraordinária de Participações Sociais do estado, e os filhos do governador, o deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos) e Rérison Castro, atual superintendente do Sebrae Tocantins, também foram alvos das buscas.
A operação recebeu o nome “Fames-19” em referência à insegurança alimentar gerada pela pandemia. “Fames” significa “fome” em latim, e “19” faz alusão ao ano em que a COVID-19 foi descoberta.
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Nota da defesa de Joseph Madeira:
“O delegado de polícia federal Daniel César do Vale, em um ato de total despreparo e abuso de autoridade, transferiu sua incompetência nas diligências para o senhor Joseph Madeira. Ao não encontrar o celular pessoal do Senhor Joseph, o delegado, que deveria apreender os itens encontrados, deu voz de prisão ilegalmente ao empresário sob a alegação de obstrução, embora o empresário não estivesse em sua residência no início das buscas. Quando contatado, Joseph prontamente se dirigiu ao local com seus advogados, demonstrando responsabilidade e disposição para colaborar. O celular ficou em posse dos advogados, que se comprometeram a entregá-lo às autoridades judiciais. Estamos confiantes de que a arbitrariedade do delegado será corrigida pelo judiciário, e tomaremos todas as medidas para responsabilizá-lo pelos abusos cometidos.”