Desembargador do Tocantins é denunciado por venda de sentenças; PGR pede indenização de mais de R$ 3 milhões

Segundo o MPF, esta é apenas a primeira denúncia relativa a dois casos específicos e que a investigação continua para determinar se houve outros delitos. Denúncia foi apresentada ao STJ.

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Segundo o MPF, esta é apenas a primeira denúncia contra Ronaldo Eurípedes de Souza relativa a dois casos específicos e que a investigação continua para determinar se houve outros delitos. Denúncia foi apresentada ao STJ.

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O Ministério Público Federal (MPF) apresentou a primeira denúncia contra o desembargador afastado Ronaldo Eurípedes de Souza, do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO). Ele é acusado de vender sentenças judiciais e foi alvo de duas operações da Polícia Federal, uma em 2018 e outra em 2020. A denúncia foi enviada ao Superior Tribunal de Justiça e é assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.

Em nota, o MPF explicou que o esquema de corrupção investigado é tão complexo que o caso será dividido em várias denúncias distintas e que esta primeira ação é referente a duas situações específicas.

Uma delas envolve a Empresa Sul Americana de Montagens (EMSA), que teria pago mais de R$ 1,1 milhão por decisões judiciais favoráveis em processos registrados entre 2013 e 2017. Os procuradores identificaram pelo menos 43 operações que podem configurar lavagem de dinheiro.

A outra é sobre o loteamento Costa Esmeralda, que estava em fase de implantação em Palmas entre 2014 e 2015 e cujos sócios teriam oferecido propina para que o desembargador atuasse de forma favorável nos processos que envolviam o empreendimento. Um destes sócios é Geraldo Henrique Moromizato.

Ronaldo Eurípedes e um funcionário do gabinete dele, Luso Aurélio Sousa Soares, teriam recebido R$ 233,2 mil em pagamentos do grupo. No caso do desembargador, além de quantias em dinheiro, foram entregues um carro e até um imóvel rural para quitar a dívida.

Atualmente, Ronaldo Eurípedes está afastado das funções por ordem do ministro Og Fernandes, do STJ. O pedido do MPF é que ele siga afastado durante o andamento processo e que, ao final, se for condenado, perca a função pública e tenha que pagar indenização mínima de R$ 3,43 milhões, que é a soma do que ele teria recebido de propina nestes dois casos, mais os danos morais.

Os pedidos também atingem Luso Aurélio Sousa Soares e os demais envolvidos no suposto esquema.

Na denúncia, Lindôra Araújo afirma que “o desembargador comercializava sua função pública, proferindo decisões mediante o pagamento de vantagens indevidas, fazendo-o em parceria com certos advogados”.

O que dizem os envolvidos

O Tribunal de Justiça do Tocantins informou que não recebeu comunicação oficial, não tem conhecimento do conteúdo da denúncia e não é permitido ao órgão tecer comentários sobre processos em andamento.

Outro caso

A denúncia contra Ronaldo Eurípedes foi apresentada na mesma semana em que o Conselho Nacional de Justiça decidiu aposentar compulsoriamente o desembargador Amado Cilton, também do TJ-TO, pela mesma acusação. Cilton ficou afastado das funções por quase 10 anos aguardando julgamento. Neste período, recebeu mais de R$ 6 milhões em salários e benefícios. Com a aposentadoria, vai continuar recebendo cerca de R$ 30 mil mensais.

*Por G1