O frentista Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, foi um dos 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos que desembarcaram no aeroporto de Confins (MG) na noite do último sábado (25). Natural de Belo Horizonte e morador de Vespasiano, na Região Metropolitana, ele havia partido em busca de melhores condições de vida para sua família, mas retorna ao Brasil com a necessidade de recomeçar.
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Carlos contou que há oito meses tentou entrar ilegalmente nos EUA com o objetivo de ajudar sua mãe e garantir uma casa própria para seus filhos, de 8 e 9 anos.
“Juntei o dinheiro durante toda a minha vida, desde os 18 anos. Vendi a moto, a casa, vendi tudo. Eu queria dar uma vida melhor para os meus meninos, que moram de aluguel. Também queria ajudar a minha mãe. Estava trabalhando só para pagar conta”, disse.
Caminho até os Estados Unidos
O frentista revelou ter gasto cerca de 30 mil dólares (mais de R$ 170 mil) na tentativa de migração, sem contratar coiotes. Sua jornada começou em Minas Gerais, passando por São Paulo, Panamá e Guatemala, até chegar à cidade de Tijuana, no México, onde fez a arriscada travessia.
“Andei a pé mais de oito horas dentro do mato. Depois atravessei um rio e fui preso.”

Carlos ficou detido em San Diego, Califórnia, onde passou oito dias na chamada “sala do gelo”, conhecida pelas baixas temperaturas devido ao ar-condicionado intenso.
“Fui preso que nem um cachorro. Lá eles não tratam ninguém bem. São anti-imigrantes”, desabafou.
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Retorno ao Brasil
Embora frustrado por não ter alcançado seus objetivos, Carlos se disse aliviado por estar de volta ao Brasil.
“Graças a Deus estou de volta. É melhor estar vivo do que ter bens materiais.”
Vestindo uma camiseta com os dizeres “Ore, espere e confie”, Carlos afirmou que nunca perdeu a fé em Deus durante o período em que esteve preso.

Recomeço
Agora, o frentista quer reconstruir sua vida ao lado da família e rever os filhos. Ele contou que já matou a saudade da comida caseira feita por sua mãe.
“Jantei carne assada, arroz, feijão e salada de tomate com alface. Foram oito meses praticamente sem comer carne. Daqui para frente, quero uma vida nova e nunca mais saio do Brasil, porque fiquei com medo de morrer.”
Carlos destacou ainda o aprendizado que levou da experiência.
“Aprendi a dar valor a um prato de comida, na cama, no banho quente, na casa e na família.”
De volta ao Brasil, ele deseja retomar a profissão de frentista e reconstruir sua trajetória.
“Perdi todo o meu dinheiro. É como se estivesse começando a vida agora”, finalizou.
* Com informações do G1