A estrutura remanescente da Ponte Juscelino Kubitschek, localizada na BR-226 entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), foi implodidas na tarde deste domingo (2). O procedimento, que exigiu dias de preparação tanto da estrutura quanto da população, ocorreu às 14h.
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A ponte, que ligava os dois estados desde a década de 1960, apresentava sérios problemas estruturais e desabou em 22 de dezembro de 2024, resultando em vítimas fatais, um ferido e desaparecidos. No momento do colapso, dez veículos, incluindo carros, motos, caminhonetes e carretas, estavam sobre a estrutura.
O procedimento de demolição durou cerca de 15 segundos e envolveu explosivos estrategicamente posicionados nos pilares de sustentação da ponte.
Assista o vídeo:
A população foi previamente informada sobre a necessidade de evacuação das áreas próximas. Em Aguiarnópolis, 50 imóveis foram desocupados a partir das 13h, enquanto em Estreito, cerca de 150 residências tiveram seus moradores temporariamente deslocados. A Prefeitura e a Defesa Civil coordenaram as orientações e o apoio logístico.
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Próximos passos na reconstrução
A implosão faz parte do cronograma de reconstrução da ponte. A responsabilidade pela nova estrutura é do Consórcio Penedo – Neópolis, formado pelas empresas Construtora A. Gaspar S/A e Arteleste Construções Ltda., com previsão de conclusão em um ano.
O engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias, conhecido como Manezinho da Implosão, conduziu a operação. Ele tem vasta experiência na área, com mais de 200 implosões no currículo, incluindo o Presídio do Carandiru, o Edifício Berrini e o Estádio Fonte Nova.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) supervisionou a implosão, que utilizou calor intenso e explosivos para enfraquecer o concreto e facilitar o colapso controlado. Os destroços serão removidos com o uso de máquinas, e o solo sob a ponte passou por terraplanagem para otimizar o acesso.
O desabamento
Por voltas das 15h do dia 22 de dezembro de 2024, o vão central da ponte JK desmoronou. Imagens registradas por testemunhas mostraram o exato momento do colapso, que deixou um rastro de destruição e luto.
O vereador Elias Júnior (Republicanos), de Aguiarnópolis, documentava o estado precário da ponte quando o desabamento ocorreu. Segundo ele, a estrutura já era alvo de preocupação de moradores e autoridades.
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O acidente teve grande impacto na região, afetando a mobilidade de cidades vizinhas como Palmeiras, Darcinópolis, Santa Terezinha, Nazaré e Tocantinópolis, que dependiam da ponte para acesso a Estreito, maior centro urbano próximo.
Carga perigosa e risco ambiental
Entre os veículos que caíram no rio, estavam carretas transportando defensivos agrícolas e ácido sulfúrico, substâncias altamente tóxicas. O risco ambiental levou à suspensão temporária das buscas por vítimas. Felizmente, os recipientes não se romperam.
O Ibama informou que a remoção dos produtos do fundo do rio está programada para ocorrer a partir de abril, quando o nível da água baixar. Enquanto isso, empresas especializadas estão coordenando a retirada segura da carga perigosa.
Vítimas do desabamento
A tragédia resultou em 18 vítimas, das quais apenas uma sobreviveu: Jairo Silva Rodrigues, resgatado ferido do rio. Quatorze corpos foram encontrados, enquanto três pessoas seguem desaparecidas: Salmon Alves Santos (65 anos), Felipe Giuvannuci (10 anos) e Gessimar Ferreira da Costa (38 anos).
Os mortos :
- Lorena Ribeiro Rodrigues (25 anos), moradora de Aguiarnópolis; Lorranny Sidrone de Jesus (11 anos), que viajava em um caminhão de transporte de MDF
- Kécio Francisco Santos Lopes (42 anos), motorista de um dos caminhões envolvidos
- Andreia Maria de Souza (45 anos), que dirigia uma carreta com ácido sulfùrico
- Anísio Padilha Soares (43 anos), cuja esposa também faleceu no desastre.
- Elisangela Santos das Chagas (50 anos) e seu marido, o vereador Alison Gomes Carneiro (57 anos), que estavam em uma caminhonete.
- Cássia de Sousa Tavares (34 anos) e sua filha Cecília Tavares Rodrigues (3 anos), cujo marido e pai, Jairo, foi o único sobrevivente.
Travessia entre os estados
Com a ponte destruída, os governos estadual e federal buscaram soluções emergenciais para travessia entre Tocantins e Maranhão. Atualmente, apenas barcos garantem o transporte de pedestres.
O DNIT havia contratado a empresa Pipes Empreendimentos LTDA para operar balsas na região por R$ 6,4 milhões, mas o contrato foi revogado devido a descumprimento de obrigações. Em seguida, a LN Moraes Logística LTDA foi autorizada pela Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) a oferecer o serviço, agora sob cobrança.
A população segue aguardando alternativas para restabelecer plenamente a conexão entre os estados.