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O prefeito de Palmas, Carlos Amastha,que até recentemente gabava-se e propagava que a greve dos profissionais da rede municipal tinha pouca adesão, resolveu partir para o ataque. O gestor, crítico assíduo da “velha política”, ameaçou cortar o ponto dos educadores em greve e convocou servidores comissionados para uma reunião no centro de convenções da cidade. O encontro que aconteceu nesta quarta-feira (20), teve objetivo de redirecionar os comissionados para substituir os profissionais em greve.
A medida, compatível com as velhas práticas políticas, pegaram de surpresa os profissionais e pais de alunos, que não viram com bons olhos essa iniciativa. Muitas pais e responsáveis por alunos reclamam que a prefeitura está substituindo professores por profissionais não qualificados. Já o prefeito, de forma intransigente, se recusa a dialogar com os grevistas. Vale lembrar que na greve anterior, Amastha teve a inciativa inédita de levar o caso para a polícia, com tentativa de prender o presidente do sindicato dos profissionais em educação. Atitude que gerou péssima repercussão, e fez o gestor voltar atrás.
Há relatos de uma funcionária que atuava na área da saúde, se apresentou em uma escola do município e que sua nova função seria a de passar filme para os alunos.
Uma mãe de aluna relatou que enviou a filha na escola por ter ouvido, através de um carro de som, que as aulas estavam acontecendo normalmente, mas para sua decepção não foi o que aconteceu. Segundo ela, a sua filha disse ter ficado ociosa durante todo o período que esteve na unidade escolar, e havia sido um “grande recreio”. Outros relatos, apontaram que os alunos estavam sendo reunidos em aulões, e nada estava sendo reaproveitado em relação as atividades pedagógicas.
Além dos carros de sons, funcionários de escolas do município também passaram a ligar ao pais, para comunicar o “retorno das atividades”. Uma mãe, sentindo coagida, se recusou levar a filha a escola antes do termino da greve, é ameaçou acionar o Ministério Público caso a escola desse falta para a menina.
Relato de uma mãe sobre a greve
Hoje levei Anabel na escolinha, após 15 dias de apoio efetivo à greve. Encontrei a escola aberta, com a presença visivelmente apática de alguns professores e sorrisos mecânicos que nos receberam “Anabel voltou!”.
Quis chorar mas não podia, já estava atrasada pra entrar no primeiro turno de trabalho. Eu não posso mais apoiar, efetivamente, a greve.
Saber que a minha condição de trabalhadora colabora para a precarização das condições de outros trabalhadores é adoecedor. O sistema no qual estamos inseridos é cruel ao ponto de nos jogar uns contra os outros mesmo (e principalmente) quando os objetivos são comuns, quando estamos no mesmo barco, quando nos alimentamos do mesmo pão amassado.
O prefeito pede para os pais levarem as crianças para a escola porque sabe que para a maioria destes não há outra alternativa. É na falta de defesa dos trabalhadores, cada vez mais enfraquecidos por uma política nacional fascista e neoliberal, que este governo covarde se apoia e se arma para manter os acessos de direito público como estrebaria corporativa do seu gestor.
De maneira desumanamente semelhantemente, os espaços de trabalho não acolhem As trabalhadorAs com filhos pequenos (quando falo destes, falo especificamente das MÃES). E as idealizadas redes de apoio (família e amigos) acabam também não se materializando, ora por estes também estarem no mesmo contexto de exploração trabalhista, ora por mera impassibilidade.
No momento que redijo este texto, acabo de saber que três professores iniciam uma greve de fome. O prefeito Amastha reitera com a típica prepotência coronelista que não vai negociar. Abro a agenda e quebro a cabeça com miliuma estratégias de manter Anabel fora da escola, ao tempo que penso o que ainda nos resta de dignidade quando nos é tirado o direito de defender até o que acreditamos.
Vale lembrar que a prefeitura de Palmas não cumpre os acordos feitos com a Educação desde 2015. São mais de dois anos de negligência. Vale lembrar ainda que este mesmo senhor está pré-candidato ao governo do Estado.