Veja quem é o pastor condenado a mais de 13 anos de prisão por abusar sexualmente de adolescentes no Tocantins

Visto como líder religioso e 'pai espiritual', Gilmar Ferreira Maróstica foi denunciado por dez adolescentes. Ele negou as acusações e está recorrendo da condenação em liberdade.

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O pastor Gilmar Ferreira Maróstica foi condenado por abusar de jovens em Guaraí, na região centro-norte do estado. Na cidade ele era visto como líder religioso nas igrejas onde passava, conquistando a confiança dos fiéis com suas pregações e conselhos. Ele acabou sendo condenado a mais de 13 anos de prisão por abusos contra jovens no âmbito religioso.

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O pastor foi condenado pelos crimes de estupro, ato libidinoso e conjunção carnal mediante fraude religiosa ou abuso de autoridade. A defesa de Gilmar negou as acusações e alega que ele é inocente e que ‘não existem provas que sustentem as acusações’. A defesa afirmou ainda que recorreu da decisão e aguarda julgamento, ressaltando que ele permanece amparado pela presunção de inocência.

Segundo a denúncia do Ministério Público do Tocantins, Gilmar teria cometido os crimes contra jovens entre 15 e 16 anos enquanto coordenava um grupo de jovens da igreja Embaixada Apostólica Filadélfia, em Guaraí.

Relatos aponta que o pastor, sempre usando a bíblia, convencia meninos e meninas da cidade a participarem das atividades da igreja. Quem estava no grupo, a princípio o via como a figura de um ‘pai’ ou um ‘conselheiro espiritual’.

De acordo com o promotor de justiça Adriano Ziza, o líder religioso costumava se aproximar dos que não tinham pai, para ‘ocupar’ esse lugar e afeto e conseguir aliciar os jovens.

Veja quem é o pastor condenado a mais de 13 anos de prisão por abusar sexualmente de adolescentes no Tocantins
Foto: Reprodução

Depois de anos coordenando o grupo, a partir de 2019 algumas das vítimas começaram a vivenciar momentos estranhos com o pastor, que afirmava ser ‘pecado sentir prazer sexual’. A partir disso, a credibilidade do líder religioso começou a desmoronar, pois denúncias de abuso sexual foram registradas na polícia e no MP.

Segundo relatos das vítimas, os abusos ocorriam em atendimentos em grupo e individuais com os integrantes da igreja. Com as meninas, os relatos apontam que o pastor criava situações para ficar a sós com elas.

“Ele pregava todo sábado e todo domingo que ninguém podia se levantar contra o ungido do senhor e eu cresci ouvindo isso. Então por isso eu não contei para ninguém”, disse uma das vítimas.

Uma jovem relembrou que Gilmar a trancou em uma sala e mostrou o órgão genital. “Me senti acuada ao extremo de me calar, ao extremo de ficar mais triste do que já estava”, afirmou.

Para tentar ficar impune, Gilmar Maróstica se antecipava aos membros da igreja e falava sobre as denúncias na tentava descredibilizar as vítimas, que acabam tendo a reputação julgada na cidade.

“A ponto de a gente perder tudo, perder dignidade, perder nome, perder a vida, perder emprego, perder dinheiro enquanto ele ficou no bem e bom”, lamentou uma das vítimas.

O pastor confessou os crimes em um procedimento interno da igreja Filadélfia. Ele foi punido com afastamento de 90 dias.

O Ministério Publico ofereceu denuncia em abril deste ano e em outubro, o pastor foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado. Como ainda cabe recurso, ele permanecerá em liberdade. Entretanto, o MP afirmou que vai pedir um endurecimento da pena.

“O Ministério Público vai recorrer para exasperar a pena, eu tenho pelo menos dez vítimas de crimes de violação sexual mediante fraude, da qual ele foi condenado. Eu tenho vítima de importunação sexual e vítima de estupro, da qual ele foi condenado”, explicou o promotor.

As vítimas de violência sexual cometida pelo pastor Gilmar pedem uma pena maior, para que ele não volte a repetir os mesmos crimes.

O que dizem as igrejas

Os abusos ocorreram quando Gilmar Maróstica congregava na Embaixada Apostólica Filadélfia. Em nota publicada nas redes sociais, a igreja se defendeu afirmando que ele ocupava função pastoral e segundo os líderes não sabiam das práticas delituosas atribuídas a esse indivíduo.

Também afirmou que a punição recebida pelo pastor, após denúncias das vítimas, era na condição de disciplinar, ‘única possível dentro do âmbito eclesiástico’, ‘respeitando o devido processo legal e posteriores apurações’, destacou a nota. Além disso, destacou que a fundadora da igreja, já falecida, colaborou com a investigação policial até sua morte, em 2021.

Atualmente, Gilmar faz parte da Igreja Família Vitoriosa Guaraí. Em nota o representante da instituição, pastor Enéias Abreu, afirmou que Gilmar congrega desde 2019 no local e que não pode se pronunciar sobre os fatos que aconteceram antes disso