A servidora pública de Presidente Kennedy presa por aplicar golpes em pais de alunos de uma creche teria simulando atualizações de cadastro para fazer selfies e fotos dos documentos das vítimas. Segundo o delegado Andreson Alves, que conduz as investigações, ela usava essas informações para contrair empréstimos em nome dos pais e usado o dinheiro para fazer apostas em jogos online.
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De acordo com o delegado, os prejuízos com apostas, especialmente em roleta russa, superaram R$ 100 mil.
“Ela havia tomado empréstimos significativos de várias pessoas na cidade antes de começar os golpes. Quando ninguém mais queria emprestar dinheiro, ela recorreu às fraudes para obter recursos, inicialmente com o intuito de pagar os credores. Mas o vício era tão grande que, assim que o dinheiro entrava nas contas bancárias controladas por ela, era imediatamente usado para apostas, criando uma bola de neve”, explicou Andreson.
A Prefeitura de Presidente Kennedy não se manifestou sobre o caso até o momento.
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Os golpes teriam começado em janeiro deste ano, mas o vício em jogos online já existia desde 2021. Para obter os dados dos pais, a servidora alegava que precisava das fotos para atualizar o cadastro dos alunos na creche, chegando a visitar as residências para coletar as imagens. Essas fotos eram então utilizadas para abrir contas em bancos digitais.
“O modus operandi era sempre o mesmo: abrir contas virtuais com selfies e fotos de documentos pessoais. Para enganar os colegas de trabalho, ela dizia que estava criando uma pasta digital dos servidores, justificando a necessidade de tirar selfies e fotos dos documentos”, detalhou o delegado.
Os empréstimos variavam de valor, indo de R$ 2 mil a R$ 15 mil, dependendo do limite concedido pelo banco. A primeira denúncia ocorreu em junho, quando uma mãe foi surpreendida com cobranças por um empréstimo de R$ 15 mil feito em seu nome. Na época, a suspeita tentou negociar com a vítima para que não revelasse o golpe. Após essa denúncia, mais de 20 pessoas procuraram a polícia para registrar queixas semelhantes.
“A demora em registrar as ocorrências ocorreu porque o prazo de vencimento das parcelas dos empréstimos levou tempo para chegar, e as vítimas só perceberam o golpe quando começaram a receber cobranças”, explicou Andreson.
Para evitar que os cartões físicos fossem enviados para as casas das vítimas, a servidora cadastrava endereços aleatórios em cidades diferentes, como Araguaína, e utilizava o próprio número de telefone nas contas fraudulentas.
Em depoimento, a suspeita revelou que as perdas acumuladas com jogos desde 2021 alcançaram R$ 1 milhão. Ela morava com a mãe, não tinha antecedentes criminais e não exibia sinais de ostentação nas redes sociais.
“Era uma questão de vício. Ela se tornou vítima das plataformas de jogos e, ao mesmo tempo, passou a fazer outras vítimas com os golpes”, relatou o delegado, mencionando que a servidora perdeu bens, como casa e carro, por causa do vício.
A mulher foi autuada por estelionato qualificado por fraude eletrônica em 20 ocorrências e foi encaminhada para a Unidade Penal Feminina, onde permanecerá à disposição da Justiça.