Seis linhagens diferentes do coronavírus, entre elas duas variantes mais perigosas, são identificadas em Araguaína

Pesquisa foi realizada pela Universidade Federal do Tocantins, em parceria com o município e a Universidade de Brasília.

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Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) realizaram o sequenciamento genético de amostras do coronavírus coletadas em Araguaína, no norte do Tocantins, e encontraram seis linhagens diferentes do vírus SARS-CoV-2. O estudo foi feito a partir das coletas aleatórias realizadas em fevereiro para medir o nível de infecção entre os moradores.

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Entre as seis sequencias genéticas encontradas, duas são da variante que surgiu no Amazonas e que tem sido considerada mais transmissível e perigosa por conter uma carga viral elevada.

“Destes seis genomas, a gente observou que dois pertencem a linhagem P1, aquela que teve início do Amazonas e está circulando em todas as regiões brasileiras. Uma delas está ligada à variante da África do Sul e duas que surgiram no Reino Unido. A última é de uma sequência que foi identificada no Rio Grande do Sul”, contou Ueric José Borges de Souza, estudante de pós-doutorado do programa de biotecnologia da UFT no campos Gurupi.

Essa é a primeira vez que se identifica a variante circulando em moradores do estado. Em fevereiro, o secretário de saúde do Tocantins, Edgar Tollini, confirmou que o estado havia identificado a presença dessa mesma mutação, mas em um paciente que era de Manaus (AM) e havia se internado na rede particular de Palmas.

Ao todo foram realizados 536 testes em Araguaína. As amostras positivas foram separadas e as que possuíam qualidade superior para sequenciamento do genoma completo foram levadas para o laboratório da Universidade de Brasília (UNB).

“Entre os dias 8 e 12 de fevereiro nós fizemos uma amostragem representativa de toda a população do município. Nós avaliamos 498 participantes, pessoas que estavam assintomáticas para síndromes respiratórias. Verificamos que 27 delas, que representa 5,42%, apresentavam resultados positivos para Covid-19. Quando a gente faz a projeção para a população total, a gente estima que Araguaína tinha 9.756 pessoas assintomáticas”, explicou o professor José Carlos Ribeiro Júnior, coordenador do projeto.

Segundo os pesquisadores, os resultados são importantes para rastrear as mutações que o vírus sofre ao se replicar no organismo humano. O levantamento pode ajudar também na tomada de decisões durante o combate à pandemia.

“É importante conhecer quais as linhagens que estão ocorrendo no Brasil. Através do sequenciamento a gente consegue rastrear as mutações que o vírus está sofrendo, o que é comum de acontecer. É necessário rastrear e avalia e as mutações para entender a evolução da pandemia e no futuro discutir quais as melhores possibilidades de contenção para tomar medidas mais adequadas de controle”.

A pesquisa foi coordenada pelos professores José Carlos Ribeiro Júnior e Fabrício Souza Campos em parceria com a Prefeitura de Araguaína e a UNB. Os dados ainda serão encaminhados à Secretaria de Estado da Saúde (SES), que é responsável por informar a existência de variantes ao Ministério da Saúde.

“Se a gente ampliar o número de sequenciamentos, que é o projeto para o futuro, a gente imagina que vai encontrar um número de variantes muito grande circulando. É importante a gente fazer essa detecção”, disse o coordenador.

A SES informou que ainda não foi notificada oficialmente sobre os resultados da pesquisa e aguarda a documentação para providenciar as notificações oficiais junto ao Ministério da Saúde (MS).

Pandemia no Tocantins

Nesta quarta-feira (10) o Tocantins bateu um novo recorde ao contabilizar 1.027 novos casos de Covid-19. O número é o maior já registrado em 2021. Houve também mais 10 mortes pela doença, sendo que uma das vítimas tinha 22 anos e sofria de asma.

Os dados estão no boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde. Com as atualizações, o estado passou a somar 121.232 casos positivos e 1.611 mortes, desde o início da pandemia.

Por G1