O padre Ricardo Campos Parreiras, de 49 anos, foi preso neste sábado (15) em Aruanã, na região noroeste de Goiás. Ele foi condenado a nove anos de prisão em regime fechado por dopar e estuprar um jovem de 18 anos, em fevereiro de 2017, na cidade de Nova Crixás.

A prisão foi efetuada pela Polícia Militar, que cumpriu um mandado de prisão em aberto. Ricardo já havia sido detido em julho de 2021, mas foi solto por meio de um habeas corpus. Mesmo após sua condenação, em fevereiro de 2023, ele permaneceu em liberdade até o trânsito em julgado do processo, quando não havia mais possibilidade de recurso.

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Defesa alega erro processual

A defesa do religioso afirmou que pode ter havido um erro processual, pois não teria sido devidamente intimada para apresentar recursos. O advogado Carlos Fares declarou que a equipe está analisando a situação e deve tomar uma decisão sobre os próximos passos nos próximos dias.

Posicionamento da Igreja

A Arquidiocese de Goiânia informou que o padre pertence à Diocese de Miracema do Tocantins. Atualmente, ele está preso no presídio de Mozarlândia, conforme informações da Diretoria-Geral de Polícia Penal (DGPP).

Vítima relata alívio após prisão

A vítima, João Victor Canelas de Accioly, acompanhava de perto o andamento do processo e celebrou a prisão do agressor.

“É uma sensação de alívio tremenda. Passei por momentos de depressão, larguei a faculdade, fui demitido porque não conseguia me concentrar. Tive muito apoio psicológico, de familiares e amigos, e isso foi essencial para me reerguer e seguir em frente”, disse João Victor.

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Entenda o caso

O crime aconteceu em fevereiro de 2017, na Casa Paroquial de Nova Crixás. Na época, a vítima, então com 18 anos, viajou com o avô para participar de um trabalho missionário na região. Por conta da idade avançada do parente, o jovem dirigia o carro da família para visitar várias cidades. Ao chegarem a Nova Crixás, foram acolhidos pelo padre Ricardo, e o jovem permaneceu hospedado na casa paroquial por cerca de cinco dias.

Segundo o relato da vítima, o padre passou os dias tentando se aproximar e, na última noite, o chamou para conversar na sala após o banho. O religioso então ofereceu ao jovem um suco de uva que, segundo a vítima, estava dopado.

“Eu estava desconfiado, mas aceitei porque era um padre. Depois de beber, comecei a sentir os efeitos da droga. Ele se aproximou, tocou meu corpo e me mandou ir para o quarto, pedindo que eu trancasse a porta”, contou a vítima.

Na manhã seguinte, o jovem acordou desorientado, com dor, roupas desajustadas e sinais de abuso.

“Tenho certeza que fui dopado e estuprado por ele”, lamentou.

Na época do crime, a Arquidiocese de Goiânia informou que o padre pertence à Diocese de Miracema do Tocantins e estava na capital acompanhando a saúde da mãe. Consultado, o bispo Philip Eduard Roger Dickmans, responsável pela diocese de Miracema, preferiu não se pronunciar sobre o caso.

Condenação e decisão judicial

A juíza Marianna de Queiroz Gomes, responsável pela sentença, destacou que o religioso se aproveitou da confiança da vítima e usou sua posição para cometer o crime.

“A vítima estava em estado de vulnerabilidade, pois foi dopada. Os depoimentos confirmam a autoria e materialidade do delito, tornando a conduta do réu típica, ilícita e culpável”, argumentou a magistrada.

Com a prisão, Ricardo permanecerá detido à disposição da Justiça.