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Um caderno de anotações que seria da esposa do ex-superintendente de operações e conservação da Agência Tocantinense de Obras (Ageto), Geraldo Pereira da Silva Filho, foi apreendido pela Polícia Cívil, durante as investigações da operação Via Avaritia. Em uma das páginas, Rosivânia Ribeiro Cunha Silva escreve um tipo de oração confessando que ela e a família cometeram crimes: “Somos corruptos e ladrões e queremos justificar nossos pecados”. As informações são do G1.
Rosivânia Ribeiro e o marido são investigados no suposto esquema que teria fraudado contratos no valor de R$ 29 milhões para obras e reformas no Tocantins. A suspeita da polícia é que o ex-superintendente tenha burlado a lei de licitações para subcontratar uma empresa que está no nome de uma filha do casal.
Para os investigadores, a Rosivânia Ribeiro seria um tipo de “operadora financeira” do suposto esquema criminoso. Ela teria recebido dinheiro de uma empresa laranja, que está no nome de um motorista do marido, na própria conta bancária.
“[…] no aparelho celular de Geraldo Pereira foram encontrados diversos diálogos nos quais Rosivânia faz a contabilidade da empresa Proplan Construtora, bem como encaminha a seu marido extratos bancários e de pagamentos efetuados na conta dessa empresa”, diz trecho da investigação.
O caderno foi apreendido em novembro deste ano, era usado para anotações de contabilidade, estudos bíblicos e até orações. Nos registros existe um cronograma com várias datas e eventos, como a prisão de Geraldo e da filha dele, Maria Fernanda Cunha Silva – suposta dona da empresa Proplan.
No dia 12 de agosto de 2018, Rosivânia Ribeiro teria escrito uma confissão: “Me perdoe por não ter feito o que o Senhor esperava de mim. Nos perdoe pelo pecado da corrupção, pelo tráfico de influência, por fazer parte do sistema. Gere em meu coração, espírito santo, o verdadeiro arrependimento. Fale comigo e com meu esposo com muita clareza. Somos corruptos e ladrões, e queremos justificar nossos pecados […]”.
Rosivânia Ribeiro teria escrito, meses atea da prisão, um pedido para Deus: “Não permita que meu esposo seja envergonhado, envolvido em escândalo”.
O caderno foi incluído nos autos da investigação e ainda está sendo analisado pela perícia da Polícia Civil. Geraldo Pereira e Rosivânia Ribeiro estão respondendo ao inquérito em liberdade e ainda não foi oferecida denúncia sobre o suposto esquema criminoso.
Procurada, a defesa do casal disse que não vai se manifestar neste momento.
Entenda
Geraldo Pereira e a filha Maria Fernanda Cunha Silva foram presos em julho suspeitos de integrar um suposto esquema de corrupção na realização de obras públicas. O contrato investigado tinha o R$ 29.259.562,44 e foi assinado pela Secretaria da Infraestrutura, Cidades e Habitação com a empresa Prime Construções, em fevereiro de 2019. O objetivo promover obras de manutenção em prédios públicos, como o Palacinho e a Casa Branca, além de obras em rodovias.
A Prime Construções teria sido selecionada sem licitação. O contrato, na época, era de responsabilidade do superintendente de obras da Ageto, Geraldo Pereira da Silva Filho. Após ser escolhida para os serviços, a firma supostamente subcontratou a empresa Proplan, que seria da filha de Geraldo Pereira, para realizar parte dos trabalhos.
Geraldo Filho, inclusive, aparece como parte autora em um processo que a Proplan propôs contra a própria Secretaria da Infraestrutura em fevereiro de 2018, pedindo reconsideração por ser desclassificada de uma licitação. Dois meses depois, ele foi nomeado para o cargo de superintendente de operação e Conservação da Agência Tocantinense de Transporte s e Obras (Ageto).
Geraldo Pereira foi liberado ainda em julho após o fim da prisão temporária e depois foi exonerado pelo governo estadual.
Sabia sobre investigações
A Polícia Civil conseguiu descobrir também que o ex-superintendente ficou sabendo sobre as investigações dois meses antes de ser preso. Na investigação policial há cópias de mensagens enviadas a Geraldo Pereira por outro superintendente da Ageto. O texto é do dia 6 de maio.
A mensagem fala de uma denúncia “no nascedouro” contra Pereira e questiona se teria como resolver o problema. O então superintendente só seria preso junto com a filha no dia 4 de julho, cerca de dois meses após a mensagem, em Minas Gerais.
Geraldo Pereira voltou a ser alvo de investigações em novembro, quando uma nova operação cumpriu mandados de busca contra o ex-superintendente e duas pessoas ligadas a ele: um motorista e um suposto laranja.
A suspeita, neste caso, é de que a fraude estaria na composição do asfalto aplicado em obras pública, que não incluía todos os componentes exigidos no contrato, deixando o produto mais barato e sem a qualidade esperada.