Mais de 300 produtores rurais estão há seis meses sem água: ‘prejuízo incalculável’

Trabalhadores do Projeto São João em Porto Nacional contavam com água da chuva para manter as plantações. A proximidade do período de estiagem preocupa os produtores.

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Mais de 300 produtores rurais do Projeto São João, no município de Porto Nacional estão sem água para irrigação. A água era fornecida de graça, mas o estado desligou todas as bombas. Em nota, o governo disse que assinou contrato com uma empresa para reforma das estações de bombeamentos.

São mais 3.500 hectares irrigáveis em todo o Projeto São João. Uma área que, agora, está seca. O problema tem afetado as produções e o visual da região. Mandiocal com folhas amareladas, plantas que não se desenvolvem e palhas de bananeiras secas são, agora, parte comum do cenário da região. Situação de abandono da plantação por falta de água.

O produtor Valdemir Júnior é um dos prejudicados. “Infelizmente vou perder toda a plantação, todas as culturas por falta d’agua. Ninguém pode falar o valor, é incalculável. Só o meu prejuízo é incalculável, imagina do São João todo”, lamenta.

De outubro de 2022 até hoje, os produtores do projeto de irrigação São João vinham mantendo as plantações com a água da chuva, mas agora eles estão preocupados por causa da proximidade do período de estiagem. “Nós temos 609km de redes de canais sem utilidade, fora as máquinas. Isso aqui foi investido milhões e milhões de reais pra morrer no seco, mal acabado, de um dia pro outro”, comenta o produtor Valdemir Martins.

Outro produtor que está sentindo no bolso os prejuízos da falta de água é o Marcos Ribeiro Ferreira. A produção de banana dele abastecia boa parte do mercado de Palmas, mas teve que parar e foi obrigado a arrendar a propriedade, já que, sem água, não tem mais condições de trabalhar.

A gestão daqui sempre foi exclusivamente do estado. Nós, produtores estamos desde há muitos anos tentando nos organizar em forma de distrito. Hoje existe um distrito constituído e esse distrito tem extrema vontade de fazer uma co-gestão, uma cooperação com o estado, uma gestão conjunta, para que, em modo de transição, a gente vá assumindo as nossas responsabilidades. Mas, antes, o estado tem que cumprir com as responsabilidades dele.

— Marcos Ribeiro Ferreira, produtor

O que diz o Governo

O Governo do Tocantins, por meio da Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto) informa que a primeira reunião sobre a transferência da cobrança da energia elétrica para irrigação dos projetos de fruticultura aconteceu em dezembro de 2022, com a presença do Ministério Público Federal (MPF) e os Distritos Manuel Alves e São João.

Na reunião ficou acordado que o Governo do Estado, por meio da Ageto, celebrasse Termo de Cooperação Operacional com cada um dos Distritos, visando a transferência.

Inclusive, desde a reunião em dezembro do ano passado, o Distrito de Irrigação Manuel Alves, perante o MPF, ficou de enviar à Ageto o Termo de Referência via plataforma de convênios do Estado (CONV@TO) para a elaboração do convênio que dará a concessão ao Distrito para gerir o projeto. Mas até o momento o Governo do Tocantins ainda não recebeu a documentação.

Os produtores e integrantes do Conselho do Distrito de Irrigação do São João estão equivocados, pois ao contrário do que afirmam, a Ageto em hipótese alguma está se negando a fazer as manutenções necessárias dos sistemas de energia e das estações de bombeamento para a irrigação, visando a transferência de responsabilidade para a gestão do Distrito.

Com relação à revitalização, a Ageto já entregou a obra do Pórtico de Entrada do Distrito com guarita, centro administrativo e o prédio da oficina.

A Ageto já está com todos os equipamentos e insumos comprados para a instalação de energia fotovoltaica que ajudará o Distrito a subsidiar a sua conta energética, a curtíssimo prazo. Também já está executando a instalação de todos os equipamentos, sendo que a obra já está em estágio avançado e com previsão de entrega até o final junho.

A Ageto, além disso, assinou contrato com empresa do ramo para a revitalização das estações de bombeamentos (bombas, cercas, câmeras de segurança, etc…). Ainda no quesito de revitalização a Ageto mantém contrato com duas empresas de segurança armada no recinto do Distrito, sendo uma fixa e outra volante.

Por G1