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Após perder dois dos seus filhos em uma ação criminosa, em abril do ano passado, Noeli Seixas da Conceição ainda busca respostas. A mãe chora ao lembrar de Breno Seixas e João Pedro Seixas, que foram atingidos por tiros, enquanto estavam dentro de casa, no Jardim Aureny II, em Palmas. A dor da perda se mistura com o sentimento de impunidade.
“O que eu quero é saber o motivo e quem foi, porque entrou na minha casa e ceifou a vida dos meus filhos”, questiona.
Durante o tiroteio, seis jovens foram baleados. Além dos dois irmãos, um rapaz identificado como Vitor, também não resistiu. Os outros três ficaram feridos. Dentre eles, o outro filho de Noeli, Bruno Seixas.
“É muito difícil falar disso, falar deles é difícil porque assim, eram filhos que não me deram trabalho”.
Na época, ela relatou que os jovens estavam reunidos na casa dela para jogar baralho e se divertir. Eram seis homens e sete mulheres. As moças não tiveram ferimentos.
A Secretaria de Segurança Pública não deu detalhes sobre como andam as investigações do triplo homicídio.
Mortes violentas
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em 2020, o Tocantins registrou o maior número de mortes violentas intencionais, nos últimos 10 anos.
Em relação à homicídios dolosos, quando há intenção de matar, em 2019, foram 361 casos. Em 2020, 403. Também houve aumento de registros de armas novas. Em 2019, foram 1.360. E no no passado, 2.142.
“Várias causas podem ser atribuídas, certamente uma delas, é a circulação de armas de fogo. Isso em virtude da flexibilização das medidas de porte e uso, que foram feitas nos últimos anos, disse o especialista em direito penal, Tarsis Barreto.
Também houve crescimento no número de estupros de vulneráveis, quando a vítima tem até 14 anos. Em 2019, 503 mulheres foram vítimas de abuso sexual. Em 2020, o número saltou para 544.
“Equipar melhor as polícias, conferir melhor estrutura às delegacias que têm uma estrutura muito mais eficiente, equipar a polícia técnica, a valorização salarial. Uma atuação conjunta por parte de todas as forças de segurança pública, além, é claro, de investimento em inteligência policial se faz necessário para o combate à criminalidade”, ressalta o especialista.
O promotor de Justiça, João Edson de Souza, que atua na área criminal, analisou os números e afirma que os dados merecem atenção. Em muitas situações, ele disse que pode haver subnotificação.
“Os números, nem sempre, apresentam, ou transparecem a realidade. O anuário brasileiro de Segurança Pública de 2021 apresenta dados que demonstram de maneira clara que nós precisamos trabalhar na reformulação das políticas públicas de segurança em nosso estado”.
A Secretaria de Segurança Pública declarou que desde 2019, vem adotando medidas para redução da taxa de crimes violentos, dentre elas, a implementação do Plano Estadual de Segurança Pública e Defesa Social em que ações serão executadas no período de 10 anos. Informou ainda que toda semana, representantes das forças de segurança, analisam os indicadores e planejam ações pontuais nos locais onde há maior concentração de crimes.
Por G1