A influencer digital Dheovana França foi indiciada pela Polícia Civil por lavagem de dinheiro e envolvimento na divulgação do “jogo do tigrinho”. O Ministério Público a denunciou por movimentar mais de R$ 10 milhões em 258 transferências bancárias, principalmente via Pix, em apenas seis meses. Antes de acumular mais de R$ 7 milhões em patrimônio, a influenciadora trabalhava como manicure.
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Dheovana foi acusada de cometer 258 crimes de lavagem de dinheiro e participação em jogos de azar. Até a tarde de segunda-feira (16), a denúncia não havia sido aceita pela Justiça. Defesa da influencer informou que só se manifestaria na terça-feira (17), após ter acesso aos detalhes da investigação.
Segundo a denúncia, Dheovana promovia o jogo de azar nas redes sociais e recebia R$ 10 por cada pessoa registrada na plataforma. Mensalmente, chegava a faturar cerca de R$ 100 mil. Com esse dinheiro, ela comprou nove imóveis e carros de luxo.
As investigações revelaram que as movimentações financeiras eram distribuídas entre contas de familiares, terceiros e empresas possivelmente de fachada. Durante o período de seis meses, a polícia identificou:
- 146 transações com duas empresas, somando R$ 2.522.080,70;
- Transferência de R$ 785 mil para contas próprias em oito transações;
- 72 transferências, totalizando R$ 3.721.105,44, para a conta de um familiar;
- Transferências de R$ 450 mil para contas de terceiros em duas transações.
A polícia acredita que a divisão das quantias foi uma tentativa de evitar o rastreamento por órgãos reguladores, uma prática conhecida como “smurfing”, usada para fragmentar grandes quantias em esquemas de lavagem de dinheiro.
Entre setembro de 2023 e março de 2024, Dheovana realizou 258 transações financeiras, muitas delas com valores arredondados, como R$ 40 mil e R$ 30 mil, caracterizando inserção de recursos ilícitos no sistema financeiro, segundo o promotor Diego Nardo.
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De manicure a milionária
Antes da ascensão financeira, Dheovana trabalhava como manicure, com uma renda declarada de R$ 9.301 mensais. Ela começou a ser investigada em novembro de 2023, após seguidores denunciarem golpes. Uma das denunciantes reclamou da influência negativa que a influencer exercia ao ostentar uma vida de luxo, levando pessoas a investirem dinheiro nas plataformas que ela promovia.
Em julho de 2024, a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 3 milhões em suas contas bancárias, além da apreensão de quatro veículos, avaliados em aproximadamente R$ 1 milhão, e nove imóveis avaliados em R$ 3 milhões. Entre os bens apreendidos estavam uma mansão de R$ 4,4 milhões em Palmas e veículos de luxo, como uma caminhonete Chevrolet Silverado, uma L200 Triton Sport e um Honda HR-V Touring.
Dheovana alegou, em depoimento, que apenas fazia divulgação contratada para publicidade, incluindo avisos sobre riscos de perdas e restrições para menores. Contudo, a polícia concluiu que suas ações eram ilícitas, uma vez que ela induzia os seguidores a acreditar que poderiam aumentar suas chances de ganho ao seguir “fórmulas” sugeridas por ela.
Ela foi indiciada por 258 crimes de lavagem de dinheiro, conforme a Lei nº 9.613/98, e pela contravenção penal de participação em jogos de azar, de acordo com o artigo 50 do Decreto-Lei 3.688/41. Caso seja condenada, Dheovana pode pegar até 40 anos de prisão.