Idosa de 70 anos pede ajuda para separar briga de filhos com vizinha e leva soco de PM na cara; Vídeo

Caso aconteceu em Igaratá, no interior de São Paulo. A mulher e os dois filhos também são investigados por lesão ao agente e desacato à autoridade.

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Em Igaratá, no interior de São Paulo, um pedido de socorro para apartar uma briga acabou se transformando numa confusão maior ainda, conta a aposentada Vilma dos Santos Rodrigues de Oliveira. Na última terça-feira, a idosa de 70 anos recorreu à Polícia Militar para apaziguar uma briga entre os filhos dela e um vizinho, por conta de uma obra que estaria acontecendo em seu terreno, mas a situação só ficou mais hostil.

A mulher acabou sendo agredida com um soco no rosto desferido pelo PM Kleber Freitas da Silva, que atendeu a ocorrência. Nesta quarta-feira, o agente foi afastado do cargo pela corporação depois que as imagens, gravadas por uma testemunha, foram parar nas redes sociais.

Dona Vilma disse que seu rosto está inchado e que sente dores pelo murro recebido. Os dois filhos, que aparecem caídos nas filmagens, ainda estão com o rostos machucados, conta.

“O que eu vivi é difícil de acreditar, eu nunca tinha passado por nada parecido. Os meus filhos estavam aqui a meu pedido, eu tive um problema com o vizinho ao lado, que está consertando o muro dele e acabou invadindo as minhas terras. Para não haver problema e acalmar a situação do desentendimento entre eles aqui no meu terreno, eu mesma liguei para a polícia. Os policiais já chegaram ignorantes, gritando e falando alto com a gente. Então, o meu filho respondeu dizendo para eles se acalmarem e falarem baixo, já que estavam nas nossas terras. Isso foi o suficiente. Ele empurrou o meu filho e aí começou uma pancadaria entre os dois. Enquanto estava um a um, ninguém fez nada. Quando juntou dois policiais em cima desse meu filho, que reagiu, aíi o meu outro filho também se meteu para ajudar o irmão que já estava sofrendo e acabou apanhando junto”, narra.

No vídeo, é possível ver um homem rendido no chão enquanto é agredido pelo policial. Ele é um dos filhos de Vilma, Benedito Rodrigues de Oliveira, e chegou a ser algemado. A mãe conta que se desesperou e tentou impedir as agressões, empurrando e dando tapas no agente. Segundo ela, a reação foi espontânea sem a intenção de machucá-lo. Não esperava que seria correspondida com um soco no rosto, que a fez cair no chão, desnorteada, na frente dos filhos.

Foto: Reprodução

A idosa define que “o extinto materno foi mais forte do que ela”. Mas, aos 70 anos, não esperava que “a reação de uma velhinha” fosse vista como uma ameaça deste tamanho pelo policial:

“Eu vi o meu filho desmaiado no chão, ainda apanhando, o que eles queriam? Eu bati devagar e não para machucar, era como se eu falasse “para, para, para” com as mãos. Eu não fui para machucar ele. Eu fiquei nervosa, parecia que o meu filho estava morrendo e eu comecei a pedir para o policial afrouxar, porque o moleque já estava algemado. Ele não parava, continuou batendo. Quando ele sentiu que eu encostei nele, ele levantou e me chapou um murro no meio da minha cara, que me jogou no chão. Ainda passou a mão no revólver e eu achei que ele ia atirar na cabeça da gente, fiquei apavorada”.

Moradora do bairro Água Branca, em Igaratá, há mais de 50 anos, a idosa relatou estar preocupada e triste porque a família nunca se meteu em confusão:

“Agora eu olho para os meus meninos e eles estão com os rostos deformados. Dedos das mãos quebrados, cotovelo com corte que não para de sangrar, os rostos inchados e machucados, isso dói mais do que o murro que eu levei”, desabafa.

Filhos dizem que foram agredidos a caminho da delegacia

Os irmãos disseram que, no caminho até a delegacia, os PMs os agrediram novamente. Benedito dos Santos, 41, disse que levou vários golpes na cabeça.

“Conseguiram prender a gente, algemar, me deram mata-leão, desmaiei. No meio do caminho pararam e fizeram isso”, disse, apontando para o rosto com diversos hematomas. “Eu estava algemado e encostado na viatura, só bateram de um lado”, relata.

O irmão, Luciano dos Santos, 48, afirmou que eles não estavam armados.

Questionada o relato de agressão dentro da viatura feito pelos irmãos, a SSP não se manifestou ainda.

PM afastado e idosa e filhos investigados

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), foi instaurado um inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do ocorrido. Além do afastamento do PM Kleber Freitas da Silva, a idosa agredida também vai ser investigada por lesão corporal e desacato a autoridade pela Polícia Civil, segundo o portal g1.

Por fim, Vilma de Oliveira pede justiça pela agressão que sofreu do agente e revela estar com medo de que alguma nova violência possa acontecer com ela ou com os filhos.

“Nunca esperava que um dia eu iria ser agredida dessa forma, ainda mais pela polícia. Eu chamei os policiais para que protegessem e não houvesse mais confusão. Nós somos gente pacata, não representamos perigo. E o que eu fico pensando com esse medo todo é que a gente não tem mais como se proteger. E agora, quando eu tiver algum problema, quem que eu chamo? Eu sei que eu vou apanhar, eu fico me sentindo assim, não sinto mais confiança de chamar a polícia porque eu sinto é medo deles. Não deveria ser assim, era para saber que tenho com quem contar e agora eu sinto que se eu chamar a polícia eu vou é apanhar de novo. Foi só uma reação de mãe, eu quis proteger meus filhos, não merecia um murro na cara aos meus 70 anos de vida”.