Greve da educação em Palmas é debatida em reunião, pais dizem sentir coagidos a mandar filhos para escola

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Com a ausência do prefeito Carlos Amastha, aconteceu nesta segunda-feira (25), uma reunião para debater os impactos da paralisação, devido a greve dos trabalhadores em educação que já dura 20 dias, na qualidade do ensino ofertado aos alunos da rede municipal de Palmas.  O encontro foi promovido pelo Ministério Público Estadual (MPE) e contou com a participação de representantes da comunidade escolar, gestores públicos e entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente para debater os impactos da paralisação na qualidade da educação ofertada aos alunos.

Muitos pais de alunos e estudantes que estavam presentes á reunião reconheceram a greve como legítima e manifestaram apoio aos professores. Alguns mães afirmaram se sentir coagidas, pois teriam recebido ligações da direção das escolas informando que as aulas estão sendo ministradas por substitutos e que os alunos que não comparecerem serão prejudicados com faltas.

Entre as pautas da reunião se destacou a substituição dos professores grevistas por profissionais remanejados de outras secretarias municipais e por professores contratados temporariamente, bem como a forma a ser adotada para a reposição das aulas, de modo que se cumpram os dias letivos obrigatórios.

Mais de 50 pessoas se inscreveram para fazer uso da palavra durante a audiência pública.

A Promotora de Justiça Zenaide Aparecida da Silva, que atua na área da proteção e da defesa de crianças e adolescentes, explicou que instaurou no dia 13 deste mês um inquérito civil para apurar os impactos da greve na qualidade da educação. Além de ouvir a comunidade na audiência pública, ela realizará inspeções nas escolas municipais a partir da próxima quinta-feira (28), para complementar o levantamento das informações.

Nessas inspeções, será analisada a repercussão da greve em cada unidade escolar, já que a adesão dos professores se deu em proporções diferentes. A primeira vistoria ocorrerá na Escola Municipal Anne Frank.

A representante do Ministério Público defendeu a reposição das aulas e informou que irá ajuizar uma Ação Civil Pública para que a reposição ocorra. “O objetivo do Ministério Público é garantir que os alunos não sejam prejudicados e que as aulas sejam repostas pelos professores do quadro da educação e não por profissionais contratados temporariamente. Infelizmente, o município não quis dialogar, então não restou outra alternativa senão ajuizar uma Ação Civil Pública”, finalizou Zenaide Aparecida.

Manifestações

A representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Glória de Ivone questionaram a eficiência da substituição dos professores grevistas, por promover o rompimento do vínculo pedagógico entre alunos e professores, e defenderam a reposição das aulas.

A representante da Defensoria Pública disse que a instituição vem recebendo reclamações quanto à qualidade das aulas ministradas pelos professores substitutos e informou que também investigará a situação.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet) também defendeu a reposição das aulas e criticou o corte de salários e a ausência de diálogo direto com o município.

A administração de Palmas foi representada pelo procurador-geral do município, Públio Borges. Ele defendeu que 93% do total de servidores da capital é formada por efetivos, alegou que cerca dos 20% dos professores encontram-se em greve e defendeu que haja a substituição dos grevistas.

Entre todas as manifestações apresentadas, nenhuma foi contrária à reposição das aulas.

Foto: Ronaldo Mitt

 

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