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Gravações telefônicas feitas pela polícia mostram que mesmo de dentro da cadeia os chefes de uma facção criminosa seguiam dando ordens e controlando os crimes nas ruas. Nesta terça-feira (21) uma operação da Polícia Civil e Ministério Público desarticulou o grupo criminoso, cumprindo mandados de prisão, busca e apreensão em cidades do Tocantins, São Paulo e Pará.
Em uma das gravações o preso alerta para o grupo ficar atento às contas usadas para movimentar o dinheiro do crime, pois estariam sendo bloqueadas pela polícia. As conversa foi entre detentos de unidades diferentes.
Presidiário – Tem como você dá um apoio rapidinho, só pra nós divulgar aí que as contas da rifa tá tudo bloqueada aí?
Presidiário – No momento nós tá sem conta, entendeu, moleque? Já passa os passo [sic] aí, até mermo não fazer depósito, entendeu? É, foi brecada tudo aí, mano, tamu sem conta aí no momento aí [sic].
As rifas que o criminoso se refere eram feitas entre os membros do grupo e tinham como prêmio os carros que eram roubados pelo grupo. O bando também movimentava dinheiro da venda de drogas e de assaltos. Ao todo, a Justiça do Tocantins bloqueou R$ 3 milhões em contas.
“Nessa rifa todos os faccionados são obrigados a contribuir também para esse dinheiro comum que é utilizado tanto para financiar crimes, quanto para o aporte de advogados e a estrutura de suporte para as pessoas que são presas dentro da facção”, contou o delegado Ênio Walcácer.
Durante a manhã desta terça-feira (21), na unidade penal de Palmas, os agentes revistaram as celas e encontraram comprovantes de depósitos e anotações de contas bancárias, usadas pelos criminosos. Em menos de um ano de investigações também foram apreendidos quase trezentos quilos de drogas.
“O sistema tradicional foi construído na década de 40, o sistema brasileiro, ele não consegue atacar essa criminalidade moderna. Então, mesmo a pessoa estando presa ela consegue emitir ordem. Nós temos ferramentas modernas como o ‘RBD’, um regime de isolamento. Só que ele não comporta a quantidade de presos nesse, que dão ordem de dentro do presídio, então o quê que a gente busca? A gente busca sempre o isolamento, tirar da cidades onde eles controlavam para tentar reduzir o poder de comando que eles têm em determinado local”, explicou.
Nas ruas, o grupo também se envolvia em conflitos violentos com uma facção rival. Um dos integrantes foi morto e jogado em uma cisterna. O assassinato foi descoberto dias depois pela família da vítima.
Investigada – Ei Michael, acharam o corpo do lula.
Investigado 1 – Hã?
Investigado 2 – Do lula molusco, dentro de um poço.
Investigado – Todo furado de faca. Foi três pessoas pra matar ele, minino [sic].
Investigado 1 – Deixa eu ver se entendi. Ele matou o Tiaguinho?
Investigada – Não. Ele furtou o Tiaguinho, aí o Tiaguinho não morreu, foi pro hospital. Aí no mesmo dia, a Índia foi com o irmão dela e o Juarez, pegaram o Caíque, mataram ele de faca e jogaram dentro do poço da casa da Indinha, lá. Aí hoje foram pegar uma água lá e água veio só o sangue.
Durante a operação desta terça-feira (21) quatro criminosos foram presos. Os outros já estavam cumprindo pena. Todos vão responder por tráfico, associação para o tráfico, assaltos e assassinatos.
*Por G1