Três anos após a descoberta de ossos fossilizados em excelente estado de conservação em Davinópolis, no sudoeste do Maranhão, os pesquisadores confirmaram que pertencem a uma espécie de dinossauro até então desconhecida pela ciência, com cerca de 100 milhões de anos.
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A análise dos fósseis está sendo conduzida pelo paleontólogo Elver Luiz Mayer, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Segundo ele, a pesquisa ainda pode trazer outras revelações. “Esses fósseis representam uma nova espécie do grupo dos saurópodes, algo que conseguimos comprovar após análises detalhadas”, afirmou.
Mayer também revelou que há indícios de parentesco entre o dinossauro encontrado no Maranhão e outro de fora do Brasil. “Ainda não posso divulgar detalhes, pois estamos finalizando os estudos, que devem ser publicados no início de 2025”, acrescentou.

Dinossauro de Davinópolis
O dinossauro identificado é um saurópode, grupo que inclui os titanossauros, conhecidos por seus longos pescoços, cabeças pequenas e dieta herbívora. Alguns desses animais atingiam até oito metros de altura, 20 metros de comprimento e 40 toneladas. O espécime de Davinópolis é estimado em cerca de 18 metros de comprimento.
“Inicialmente, analisamos quais partes do corpo estavam representadas nos fósseis e, em seguida, comparamos com outros dinossauros descritos na literatura científica para o mesmo período geológico, de aproximadamente 100 milhões de anos”, explicou Mayer.

Os fósseis agora passam por análises microscópicas para investigar padrões celulares, metabolismo, crescimento e fatores ambientais que permitiram a excepcional preservação dos ossos.
Exposição no Maranhão
Após a conclusão das pesquisas, os fósseis serão devolvidos ao Maranhão para exposição no Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia, em São Luís. “Estamos avançando para entender aspectos detalhados da anatomia do animal e garantir que ele seja apresentado ao público em sua terra de origem”, concluiu Mayer.
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Descobrimento
A descoberta ocorreu em abril de 2021, durante escavações para construção de uma ferrovia em Davinópolis. Uma equipe de paleontólogos foi acionada após trabalhadores encontrarem ossos, incluindo um fêmur de mais de 1,5 metro, patas, costelas e vértebras.
Os fósseis foram inicialmente enviados à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e, desde então, passaram por estudos aprofundados liderados por Mayer.

Contexto Paleontológico no Maranhão
Embora seja a primeira descoberta em Davinópolis, o Maranhão já registrou fósseis de titanossauros na Ilha do Cajual, próxima a Alcântara, datados de 95 a 97 milhões de anos. No entanto, esses vestígios eram fragmentados e isolados, enquanto o espécime de Davinópolis é mais completo e preservado.
A descoberta abre novas possibilidades para estudar a evolução dos dinossauros no Brasil, consolidando o estado como um importante polo para a paleontologia.