Famílias de acampamento incendiado no Bico do Papagaio resistem na luta pela terra

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Olhando as cinzas do barraco em que vivia com seus seis filhos, sendo o mais velho com 21 anos e a mais nova com nove meses, a lavradora Evane Sousa Silva, de 33 anos, fala da tristeza em perder o pouco que tinha em um incêndio.“Foi triste ver as nossas coisas queimadas, ficar sem nada”, lamenta.

Ela e outras 80 famílias resistem na luta por terra no acampamento Padre Josimo, em Carrasco Bonito, na região do Bico do Papagaio. As causas desse incêndio, ocorrido em 14 de agosto, ainda estão sob investigação.

Com um modo de vida comunitário, os lavradores reconstruíram as moradias em mutirão, onde uns ajudam os outros com mão-de-obra. A madeira e palha, por exemplo, são coletadas na área do acampamento. Após o incêndio, os acampados se uniram para ajudar todos da comunidade, e após morar alguns dias com outra família, Evane recebeu um novo barraco, além de comida, utensílios de casa, colchão e roupas.

“Ainda tenho uma esperançazinha, porque ainda estou aqui dentro. Eu queria a terra para os meus os filhos, para eles trabalharem. Eu não tenho estudo, meus filhos também não. Por isso acho que eles vão ter um futuro melhor na roça”, disse a lavradora.

O incêndio no acampamento não deixou vítimas fatais, mas destruiu muitos barracos e quase toda produção. Algumas famílias perderam todos os seus pertences, além de uma grande quantidade de alimentos, já que seis alqueires plantados também foram atingidos pelas chamas.

O acampamento

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o acampamento Padre Josimo está situado em um assentamento do Incra, criado na década de 90, em uma região de forte disputa.

Os trabalhadores rurais relatam que o Incra destinou cerca de cinco mil hectares, contudo, no cartório só consta a desapropriação de pouco mais de dois mil hectares. A área restante não possui título de domínio e está sendo tomada por posseiros.

Atuação da Defensoria

A comunidade está sendo acompanhada pelo Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas (NUAmac) de Araguaína e pelo Núcleo da Defensoria Pública Agrária (DPAgra). Os acampados tiveram atendimento jurídico da Defensoria Pública do Eestado na época do incêndio e, mais recentemente, no último dia 26 de agosto.

Os acampados falaram de dificuldades para registrar boletim de ocorrência na localidade. As famílias foram orientadas sobre como proceder em situações similares buscando o apoio dos Núcleos Especializados da Defensoria no registro de ocorrências em situações de dano coletivo.

Também foi informado aos acampados que existe no Ministério Público Federal um pedido de informações acerca da área junto Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).  (Com informações da DPE e MST)

Foto: Loise Maria

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