Família de mulher que morreu mais após ser espancada decide doar órgãos e salva três pessoas

Delvânia Campelo, de 50 anos, morreu após ficar 20 dias internada. O namorado dela, o ex-vice-prefeito Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos, está preso e foi indiciado pelo feminicídio.

Em um gesto que transformou tragédia em esperança, os órgãos de Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, foram doados na manhã deste domingo (13) no Hospital Geral de Palmas (HGP). A vítima de feminicídio lutou pela vida por 21 dias após ser brutalmente agredida pelo namorado, o ex-vice-prefeito Gilman Rodrigues da Silva (PL), de 47 anos, O crime aconteceu em Caseara e a vítima não resistiu aos graves ferimentos na cabeça causados por uma arma branca.

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A doação que salvou vidas
A Central Estadual de Transplantes do Tocantins (CETTO) confirmou que os rins e o fígado de Delvânia foram captados com sucesso e já estão sendo preparados para transplante em três pacientes diferentes da lista nacional. Uma equipe especializada do Distrito Federal foi deslocada especialmente para o procedimento, trabalhando em conjunto com a Organização de Procura de Órgãos (OPO) e a equipe do HGP.

Emoção na despedida
Antes da cirurgia de captação, familiares e amigos realizaram uma tocante homenagem no corredor do hospital. Com balões nas cores verde e amarelo – simbolizando a doação de órgãos – e fotos da vítima, eles lembraram a vida de Delvânia enquanto seu corpo era encaminhado para o centro cirúrgico. “Ela sempre foi generosa em vida, e agora, mesmo na morte, continua ajudando os outros”, disse uma prima emocionada.

Família de mulher que morreu mais após ser espancada decide doar órgãos e três pessoas serão salvas
Foto: Divulgação

O crime que chocou o Tocantins
O feminicídio ocorreu no dia 22 de março, quando Delvânia foi atacada na chácara do casal em Caseara. Investigadores revelam que a vítima chegou a enviar mensagens de áudio pedindo socorro em um grupo de WhatsApp, mas o suspeito, apagou os registros e enviou mensagens tentando acalmar os contatos.

Contradições do agressor
Em seu depoimento à Polícia Civil, Gilman tentou construir uma versão de legítima defesa, alegando que Delvânia teria iniciado a agressão. No entanto, o delegado José Lucas Melo destacou as contradições: “Ele apagou os pedidos de socorro e depois disse que estava se defendendo. As lesões na vítima comprovam a brutalidade desproporcional”.

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Foto: Divulgação

Prisão
Após 11 dias foragido, Gilman foi preso em 3 de abril na cidade de Paraíso do Tocantins. A defesa, que emitiu nota de pesar, tenta agora reverter a prisão preventiva, enquanto o Ministério Público já prepara a denúncia por feminicídio qualificado.

Legado de vida
Enquanto a Justiça segue seu curso, a família de Delvânia aguarda a liberação do corpo para os últimos ritos fúnebres. Nas redes sociais, amigos destacam o paradoxo da história: “O mesmo homem que tirou sua vida não conseguiu apagar seu último ato de amor, que foi salvar outras pessoas”, escreveu uma amiga próxima.

A Secretaria de Saúde do Tocantins informou que os órgãos doados já foram distribuídos para receptores compatíveis, cumprindo assim o último desejo de Delvânia, que sempre manifestou apoio à doação de órgãos.