Ex-governador Mauro Carlesse é solto após mais de 2 meses preso por suspeita de planejar fuga do país

Carlesse teve prisão revogada em liminar do STJ. Ex-governador do Tocantins foi preso em dezembro do ano passado.

O ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), deixou a base do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, na manhã desta quarta-feira (19), após ter a prisão preventiva revogada por uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele estava preso há mais de dois meses, suspeito de planejar uma fuga para o exterior.

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Carlesse é investigado por desvio de dinheiro, fraudes em licitações e outros crimes. A decisão que determinou sua soltura foi assinada pelo ministro Antônio Saldanha Palheiro e também beneficia seu sobrinho, Claudinei Aparecido Quaresemin, ex-secretário e também investigado.

Medidas cautelares

Apesar da revogação da prisão, o ex-governador deverá cumprir medidas cautelares, incluindo:

  • Comparecimento bimestral à Justiça;
  • Proibição de manter contato com investigados e testemunhas do processo;
  • Restrição de se ausentar da comarca sem autorização judicial;
  • Proibição de ocupar cargos ou funções públicas no Tocantins;
  • Proibição de deixar o país.
Prisão e suspeita de fuga

Carlesse foi preso em 15 de dezembro de 2024, quando seguia para uma fazenda na zona rural de São Valério. A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que ele e o sobrinho arquitetavam uma fuga para o exterior, com supostos planos de residência no Uruguai e na Itália.

Segundo o Ministério Público, Quaresemin teria providenciado documentos e residência no Uruguai para ambos, além de viabilizar o aluguel de uma casa na Itália por 1,5 mil euros. No entanto, Carlesse negou qualquer intenção de fuga, alegando que a emissão do passaporte era apenas para férias.

carlesse fuga
Foto: Divulgação
Negativas de habeas corpus

Desde a prisão, vários pedidos de habeas corpus foram negados pela Justiça. A primeira solicitação foi rejeitada pelo desembargador João Rigo Guimarães, seguida por outras recusas dos desembargadores Eurípedes Lamounier e Angela Issa Haonat.

A Justiça considerou que apenas a retenção do passaporte não impediria uma fuga para o Uruguai, já que o país permite a entrada de brasileiros sem visto ou passaporte devido ao Mercosul.

Investigações contra Carlesse

O ex-governador responde a diversas investigações e ações penais, incluindo as operações Hygea e Éris, que apuram o pagamento de propina no plano de saúde dos servidores públicos e o aparelhamento da Polícia Civil. Ele governou o Tocantins entre 2018 e 2021, mas renunciou ao cargo para evitar um processo de impeachment.

As investigações indicam que R$ 44 milhões foram pagos como propina apenas no esquema do plano de saúde. Em 2024, Carlesse foi alvo de uma nova operação da Polícia Federal, que apura fraudes em licitações na extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação.

Ele é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, fraudes em licitação, falsidade ideológica, obstrução de investigações, organização criminosa e peculato. Carlesse nega todas as acusações.