Ex-governador Marcelo Miranda é preso pela Polícia Federal em Brasília

Miranda é investigado em operação sobre corrupção e foi capturado no apartamento funcional da mulher, a deputada Dulce Miranda.

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Foi preso nesta quinta-feira (26), em Brasília, o ex-governador de Tocantins, Marcelo Miranda (MDB). Ele é investigado em operação sobre corrupção e foi capturado no apartamento funcional da mulher, a deputada federal Dulce Miranda (MDB). Ela não é investigada.

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De acordo com a Polícia Federal, um mandado de busca e apreensão também está sendo cumprido na casa do ex-governador, em Palmas.

A operação, chamada de a Operação “12º Trabalho”, deflagrada nesta quinta-feira visa desarticular uma organização criminosa suspeita de prática constante de atos de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais.

Ainda segundo a PF, Aproximadamente 70 policiais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva, todos expedidos pela 4ª Vara Federal da capital,  nas cidades tocantinenses de Palmas, Tocantínia, Tupirama e Araguaína, além de Goiânia (GO) e as cidades paraenses, Santana do Araguaia, Sapucaia e São Felix do Xingu/PA.

A defesa do ex-governador informou que “a princípio não há fatos que justifiquem o pedido de prisão”, mas vai se posicionar somente após ter acesso à decisão.

Em nota, a deputada Dulce Miranda disse que não teve acesso ao processo investigativo contra o marido, mas afirmou que “como esposa, eu  tenho plena convicção da inocência e da integridade do meu marido Marcelo Miranda. Estendo esta mesma confiança ao meu sogro Brito Miranda e ao meu cunhado Júnior”.

Após a deflagração de diversas operações da Polícia Federal, dentre elas “Reis do Gado” (STJ, 2016), “Marcapasso” (4ª Vara Federal/TO, 2017), “Pontes de Papel” (STJ, 2017), “Convergência” (STJ, 2017) e “Lava-Jato” (STF, com delação firmada em 2017), a Polícia Federal constatoue que um núcleo familiar, composto por três pessoas influentes no meio político do Tocantins, sempre esteve no centro das investigações, com poderes suficientes para aparelhar o estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa.

Na quarta-feira (25), durante a operação Carotenóides, a polícia prendeu um casal suspeito de ser laranja do ex-governador para o registro de veículos e imóveis.

A PF informou também que além da obtenção de novas provas, com a ação desta quinta-feira busca interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro, uma vez que os investigados permanecem praticando atos de lavagem por meio de sofisticado esquema, utilizando-se de “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas em troca de favores a empresários dos diversos ramos de atividade que mantinham contratos com o poder público.

Mesmo depois das investigações tornarem-se públicas, o grupo prosseguiu realizando operações simuladas envolvendo o comércio de gado de corte e empresas de fachada, construção e venda de imóveis, tudo para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais.

Com o avanço das investigações, foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros.

As provas reunidas na ação penal decorrente da Operação Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e ainda agem de maneira orgânica e sistematizada, com divisão de tarefas, cujos atos são detidamente planejados para assegurar o produto dos crimes. Os investigados também agem no curso do processo, por meio da manipulação de provas, seja pela falsificação de documentos ou comprando depoimentos, com o claro objetivo de tumultuar e dificultar as investigações em andamento.

Estima-se que a organização criminosa causou prejuízos da ordem de mais de 300 milhões de reais ao erário.

O nome da operação faz referência ao 12º Trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero.

Investigações

Marcelo Miranda foi eleito governador do Tocantins três vezes, sendo cassado duas vezes. A última cassação foi por causa de um avião apreendido em Goiás com material de campanha e R$ 500 mil ligados a campanha do ex-governador em 2014.

Ele também foi eleito senador da república, mas não pode assumir porque foi considerado inelegível. Marcelo Miranda também é alvo de diversas investigações das Polícias Federal e Civil.

A principal delas é a Reis do Gado que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes em licitações públicas. Miranda chegou a ser conduzido coercitivamente para prestar depoimento no caso. Parentes dele foram indiciados, inclusive o pai, Brito Miranda.

Em 2019, o ex-governador também foi indiciado pela Polícia Civil em um inquérito que apura a existência de servidores fantasmas no governo do Tocantins.