Esquema investigado pela PF teria fraudado contratos de R$ 10 milhões para aluguel de máquinas no Tocantins

Fraude teria acontecido na gestão do ex-governador Mauro Carlesse. Trinta mandados de busca e apreensão foram cumpridos na cidades de Palmas, Gurupi e Dianópolis.

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A investigação da Polícia Federal que apura possíveis fraudes em licitações em duas secretarias do governo do Tocantins revelou que dois contratos, assinados durante a gestão do ex-governador Mauro Carlesse, somam mais de R$ 10 milhões. Esses contratos envolviam o aluguel de máquinas pesadas e o fornecimento de combustíveis, mas há suspeitas de que os serviços contratados não foram executados integralmente.

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Embora o valor total do prejuízo aos cofres públicos não tenha sido divulgado, a 4ª Vara Federal Criminal do Tocantins autorizou a operação, que identificou um suposto esquema dentro da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto) e da extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins.

Nesta segunda-feira (26), cerca de 100 agentes federais cumpriram 30 mandados de busca e apreensão em Palmas, Gurupi e Dianópolis. Entre os locais visitados estava um endereço ligado a Carlesse. Durante a operação, um Camaro foi apreendido no prédio do ex-governador, embora a PF não tenha confirmado se o veículo pertence a ele. Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal de Palmas.

A PF informou que a licitação investigada visava contratar uma empresa para prestar serviços de locação de máquinas pesadas e caminhões, além de fornecer combustível e realizar manutenção preventiva e corretiva para “sete residências rodoviárias” da Ageto, que são unidades estratégicas da agência em cidades específicas.

A Controladoria Geral da União (CGU) apontou irregularidades no processo de licitação, como a preferência por pregão presencial sem justificativa, falta de estudos técnicos, termos de referência vagos, divisão injustificada do objeto em dois lotes, e propostas com valores muito próximos, sugerindo possível direcionamento do certame.

Os contratos foram prorrogados quatro vezes, com vigência estendida até julho de 2021, mas a Polícia Federal indica que “aparentemente nada foi executado” pelos contratados.

Mauro Carlesse, que presidia a Assembleia Legislativa do estado até março de 2018, assumiu interinamente o governo do Tocantins após o Tribunal Superior Eleitoral cassar o então governador Marcelo Miranda e sua vice Cláudia Lelis. Carlesse venceu a eleição suplementar em junho de 2018 e foi reeleito em outubro do mesmo ano.

Ele permaneceu no cargo até outubro de 2021, quando foi afastado por suspeitas de corrupção e posteriormente renunciou antes da votação pelo impeachment.

O que diz Mauro Carlesse

Sobre a operação da Polícia Federal realizada nesta segunda-feira, 26, com citação ao ex-governador Mauro Carlesse cabe esclarecer que:

O ex-governador Mauro Carlesse não teve acesso à decisão judicial que desencadeou essa operação, mas soube pela imprensa tratar-se de investigação vinculada a processo licitatório iniciado na gestão do ex-governador Marcelo Miranda.

O que diz o governo do Tocantins

A Secretaria das Cidades, Habitação e Desenvolvimento Regional, bem como a Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura informam que colaboram com a Polícia Federal no cumprimento dos mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta segunda-feira, 26, referente a Operação Timóteo 6:9, que investiga supostas irregularidades em licitação que teriam ocorrido na extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins na gestão do ex-governador Mauro Carlesse, entre os anos de 2018 e 2019.

O que diz Marcelo Miranda

Em resposta ao posicionamento de Mauro Carlesse, o ex-governador Marcelo Miranda alega que a sua gestão não tem nenhuma relação com a investigação. “Não tem nada que fale que foi no meu governo que iniciou esse processo licitatório. Eu repudio essas acusações levianas do ex-governador”, finaliza.