Em SP | 9 pessoas morrem pisoteadas durante operação policial em baile funk

Segundo a Polícia Militar, vítimas morreram depois de perseguição seguida de troca de tiros na madrugada deste domingo na comunidade de Paraisópolis.

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Nove pessoas foram mortas – oito homens e uma mulher – por pisoteamento durante uma operação policial num baile funk na comunidade de Paraisópolis , na região Sul de São Paulo. Caso aconteceu na madrugada deste domingo (1°) e outras duas foram socorridas com lesões no posto da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) de Paraisópolis, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. As informações iniciais davam conta de oito mortos e dois feridos. 

Confirme a nota da secretaria, policiais do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano realizavam a Operação Pancadão na região quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra os agentes. A dupla teria fugido em direção ao baile funk, efetuando disparos, o que, ainda segundo a polícia, provocou tumulto entre os frequentadores do evento. No local, segundo estimativas da PM, havia cerca de 5 mil pessoas.

As nove pessoas que morreram pisoteadas chegaram a ser levadas à Unidade de Pronto Atendimento e ao Pronto  Socorro do Hospital do Campo Limpo, mas não resistiram.

Um vídeo gravado por frequentadores do baile mostra duas vítimas estiradas no chão enquanto jovens tentam socorrê-las. Uma mulher se aproxima e pede que arrastem uma delas para outro lugar. “A perna dele tem pino, arrasta ele para lá”, diz ela. Em outros dois registros, é possível ouvir tiros de bala de borracha. 

Um rapaz que mora na rua onde acontecia o baile, que prefere não se identificar, disse que sua casa tremeu enquanto bombas eram lançadas contra a multidão.

“Eu não estava me sentindo bem e fui embora (do baile). Quando eu entrei aqui em casa, começoua confusão. Uma multidão descendo (a rua) e muito barulho de bomba. Fechei a janela para o cheiro não entrar muito aqui e fiquei no qauarto. Comecei então a sentir a casa tremendo. O povo coria e era muita bomba. De repente, tiros. Foi um desespero”, conta.

O presidente da Associação dos Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, disse que os jovens foram surpreendidos pela ação policial enquanto se divertiam.

“Poderia ser o filho de qualquer pessoa. Ao invés de criar soluções, formalizando e regularizando o baile, a polícia joga bomba e atira nas pessoas. Esses jovens foram assassinados”, disse Rodrigues.

Segundo ele, os moradores de Paraisópolis estão assustados e com medo de falar o que viram durante a madrugada. Rodrigues afirmou que até agora não conseguiu identificar as vítimas.

Para o advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), tudo indica que a as mortes são resultado de excesso policial. “Aparentemente, foi uma ação desastrosa da PM que gerou tumulto e mortes”, disse Alves.

Ainda segundo a polícia, ao chegarem ao local, as equipes foram recebidas com pedradas e garrafadas. Os agentes revidaram com munições químicas para dispersão e começou uma correria. O caso está sendo registrado no 89º Distrito Policial (Jardim Taboão). A Polícia Militar instaurou inquérito policial militar para apurar todas as circunstâncias relativas ao fato.

O governador de São Paulo se pronunciou sobre o caso em suas redes sociais: “Lamento profundamente as mortes ocorridas no baile funk em Paraisópolis nesta noite. Determinei ao Secretário de Segurança Pública, General Campos, apuração rigorosa dos fatos para esclarecer quais foram as circunstâncias e responsabilidades deste triste episódio”.

O baile

O pancadão de Paraisópolis, conhecido como Baile da 17, já é tradicional na comunidade. Neste ano, o evento completou seu nono aniversário. O baile ocorre sempre na rua e reúne milhares de pessoas, a maioria de fora do bairro. Moradores de cidades vizinhas chegam em excursões para o baile na capital.  

Com organização espontânea, o evento reúne carros com sons potentes e barracas de bebidas que se enfileiram na rua. Reclamações de moradores da região de Paraisópolis e operações policiais são comuns durante o evento. (Por O Globo)