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Após ficar paralisado por oito anos, o Projeto Quelônios do Tocantins, que promove o repovoamento de tartarugas da Amazônia e tracajás na região do Cantão, considerado o berçário de toda a ictiofauna da bacia do Araguaia, foi retomado em agosto deste ano. Desenvolvido em parceria com diversos órgãos estaduais e patrocínio de empresas do estado, o projeto já devolveu à natureza mais de oito mil filhotes de tartaruga-da-amazônia. Até fevereiro de 2018, a previsão é que mais 10 mil quelônios sejam soltos no Rio Araguaia.
O projeto é desenvolvido numa região de confluência de biomas (cerrado e floresta amazônica), também conhecida como ecótono, o Quelônios tem como sede a Unidade Receptiva do Cantão, localizado entre os municípios de Pium e Caseara. Chegando lá é preciso ainda subir cerca de 60 km pelo Rio Araguaia até chegar ao local. Contando com pontos de coleta de filhotes em 11 praias na região, os quelônios são retirados das covas cerca de 50 dias depois da desova das tartarugas, mantidos em viveiros por cerca de 20 dias até adquirirem resistência contra predadores e só então são entregues à natureza. Na vida adulta, a tartaruga-da-amazônia pode chegar até a um metro de tamanho e pesar cerca de 60 quilos.
De acordo com Luciano Felix Czapski, coordenador do projeto, o Quelônios do Tocantins ficou paralisado por oito anos, sendo retomado em 2017 com o apoio de diversos parceiros, tendo como coordenação ambiental o Naturatins e o Ibama. “Além dos órgãos ambientais, encontramos na iniciativa privada e no voluntariado o apoio na retomada deste importante projeto”, ressaltou.
O coordenador explica que, além dos predadores naturais e das questões ambientais, a ação antrópica também é responsável pela diminuição das populações de quelônios. “Sabemos que na natureza, apenas 2% dos quelônios que chegam ao rio conseguem sobreviver. Com o projeto de acompanhamento, conseguimos aumentar essa chance para 13%, mas o maior predador da tartaruga na fase adulta não é nem os animais e sim o homem, com a pesca irregular”, ressaltou.
Aprendizado
Morador da região, o condutor de embarcação fluvial Rondineres da Cruz de Deus passou a vida inteira na região do Parque Estadual do Cantão. Com o trabalho de agente ambiental, ele disse se sentir realizado em contribuir com o repovoamento de espécies nativas que estão ameaçadas de extinção. “Aprendi muito com este trabalho. Hoje consigo repassar para, os outros, o que vejo nas atividades ambientais”, afirmou.
Já a estudante universitária Gisele Cerezoli ficou sabendo do projeto e se inscreveu como voluntária. “Passei uma semana auxiliando na retirada dos filhotes das covas. Tudo é muito importante porque me auxilia na formação acadêmica e também na consciência e educação ambiental”, afirmou.
Patrocínio
O Projeto Quelônios do Tocantins conta com o apoio das empresas Supermercados Big, Naval, Geolab (Anápolis- GO), Brinave (Santos – SP), Agropecuária Fartura (PA), CJC, Projeto Surubim e Multicores Papelaria e Informática.
Sobre o Parque Estadual do Cantão
Criado em 1998 com o objetivo de proteger os diversos recursos naturais da região e recuperar áreas que sofreram impacto ambiental, além de favorecer o desenvolvimento sustentável e promover o turismo, o parque abriga espécies ameaçadas de extinção como a onça-pintada, a ariranha, o jacu-de-barriga-castanha e o pirarucu.