Com sonho de ser professor, reeducando começa a estudar em universidade de Porto Nacional

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O sonho antigo do reeducando Raimundo Nonato Batista Figueiredo, de 54 anos, de se tornar professor, está começando a se realizar. Nesta segunda-feira (4), ele começou a fazer o curso de Geografia – Licenciatura – na Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Porto Nacional, com autorização judicial. O primeiro dia de aula para a realização do seu projeto pessoal de vida foi acompanhado pela equipe técnica da Casa de Prisão Provisória de Porto Nacional (CPPP), pelo diretor do campus da instituição e por profissionais da Secretaria da Cidadania e Justiça (Seciju) que participaram do processo de ingresso do reeducando no ensino superior.

“Eu sempre sonhei em ser um professor, tanto para dar uma perspectiva de estudo e futuro melhor para os meus dois filhos menores e também para poder ajudar com a educação na ressocialização dentro da CPP”, disse Raimundo entusiasmado. O reeducando é o primeiro da unidade a ingressar na faculdade e pode ser exemplo para outras pessoas privadas de liberdade da importância de continuar os estudos e projetar sonhos possíveis de serem realizados.

Raimundo terminou o ensino médio ainda novo, com 24 anos, e depois disso ficou quase 30 anos sem pegar nos livros. Com o projeto Rompendo Limites Rumo à Universidade, desenvolvido na unidade em parceria com a UFT, Tribunal de Justiça, Secretaria da Educação e Conselho da Comunidade, o reeducando viu novamente a oportunidade de conseguir retomar o seu sonho. Mesmo com tanto tempo fora da escola, o recém-universitário iniciou as aulas ofertadas pelo projeto dentro da CPP, no ano passado, com o intuito de se preparar para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL).

A experiência foi muito positiva e Raimundo conquistou 531 pontos na prova, garantindo uma vaga no curso de Geografia. Com a autorização judicial do juiz de Execução Criminal, Allan Martins Ferreira, o reeducando começou a frequentar as aulas na noite desta segunda. “Estou muito satisfeito com o resultado, essa é uma forma efetiva de resgatarmos uma pessoa que foi privada da liberdade, cometeu um erro, está pagando sua pena e não vimos empecilho para que ele faça o curso, dada as condições de acompanhamento dessa pessoa que ainda está em regime fechado”, destacou o magistrado que é parceiro do projeto.

O coordenador pedagógico da CPP de Porto Nacional, Oséias Costa Rego, acompanhou todo o processo de preparação para o Enem e posterior ingresso na faculdade de Raimundo, pois acredita que o projeto pode mudar a vida das pessoas.  “É disso que o nosso Estado precisa, mais oportunidades para os menos favorecidos. A unidade tem buscado parcerias para desenvolver políticas de humanização, educação e trabalho para os reeducandos desta Comarca e assim influenciar de forma ativa na realidade dos presos desta cidade”, explicou.

O primeiro dia de aula também foi acompanhado pelo diretor do campus, George França, que ressaltou a importância da universidade ter parceria no projeto. “O campus ficou muito feliz com essa ação de inclusão e acredita que novas ações devem ser desenvolvidas. A universidade é um espaço democrático e de livre acesso à construção de novos conhecimentos e de produção científica”, frisou.

Com o início das aulas, Raimundo frequentará todas as disciplinas diariamente, acompanhado por um técnico em Defesa Social da unidade que estará sempre próximo do reeducando, no entanto, respeitando seu espaço para evitar constrangimentos. Também foi ajustado um termo de conduta com Raimundo para regular seu comportamento dentro da universidade, ressaltando os direitos, deveres e limites impostos a ele para garantia do benefício e do convívio social.

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