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As Cavalhadas, uma das principais manifestações culturais do Estado, vão colorir com muito azul e vermelho a cidade de Taguatinga, a 488 Km de Palmas. O evento, que é uma tradição de mais de 20 anos no Tocantins, se inicia neste sábado (12). Um espetáculo de cores e sincronias simula da luta na qual os 24 participantes principais representaram, com evoluções equestres e movimentos de espada, lança e garrucha, uma batalha de fundo religioso entre mouros e cristãos.
O evento se estende até o domingo (13), quando é dada sequencia a narrativa onde a batalha é vencida pelos cristãos, acontecendo assim a “submissão” dos mouros ao Cristianismo, através do “batismo”.
Originária dos torneios medievais, as Cavalhadas nasceram nos anos do reinado de Carlos Magno, com a finalidade de reviver as vitórias do Cristianismo sobre o Islamismo em terras da Europa. O número de 12 cavaleiros, de cada grupo, representa o conflito que ficou conhecido como “A Batalha de Carlos Magno e os 12 Pares da França”, um dos símbolo da resistência e avanços da religião cristã na luta por terras e novos fiéis. Os diálogos entre embaixadores sarracenos e cristãos foram elaborados a partir de romances de cavalarias.
As Cavalhadas foram muito praticadas na Espanha e Portugal, visando revitalizar o patriotismo das duas nações, quase descaracterizadas pelo prolongado domínio dos mouros. Trazidas ao Brasil pelos portugueses, ainda no século da descoberta, sobrevivem até os dias de hoje, em vários estados, sendo realizadas geralmente no dia de Pentecostes.
No Tocantins, Taguatinga é o único município que realiza o ritual, e diferente de outras regiões, acontece sempre junto com as celebrações de Nossa Senhora D’Abadia, que aconteceram de 6 a 16 de agosto.
Cortejo
A representação das Cavalhadas tem inicio no sábado com cortejo do Imperador e a Madrinha, seguidos pelas rainhas moura e cristã, princesas, cavaleiros mirins, anjos representados por crianças da comunidade. Todos são acompanhados pela a imagem da padroeira de Taguatinga.
O cortejo segue pelas ruas da cidade até o encontro com os cavaleiros mouros e cristãos na entrada da arena do evento, onde são realizadas as batalhas, o ponto alto da festa e mais esperado pelo grande público que prestigia.
Na arena os cavaleiros e suas rainhas, seguem em perfeito sincronismo, mesmo sem muito domínio na arte de interpretar, e revivem de forma esplendorosa a batalha entre mouros e cristãos.
No domingo acontece as corridas de confraternização entre mouros e cristãos e a disputa das argolinhas de pratas, que ficam penduradas e os cavaleiros tem que retirá-las com as lanças.
As cores e a riqueza dos trajes e adereços é outro espetáculo à parte, que encanta o público que prestigia o evento. Após as Cavalhadas o cortejo com cavaleiros e comunidade segue até a Igreja Matriz, onde é realizada a Missa de encerramento.
Origem
Em 1936, o deputado João Batista de Almeida, com ajuda de Francisco Correia, resolveu levar para a cidade de Taguatinga a velha tradição ibérica, que chegou ao Brasil pelas mãos dos portugueses. Levou-se um ano para que as Cavalhadas de Taguatinga ocorressem de fato, tendo como imperador o idealizador João Batista, com realização na Igreja Matriz ainda em construção, coberta com palhas.
Até 1946, quatro festas se realizaram, acontecendo em seguida um longo recesso, que chegou ao fim somente nos anos 90, quando a taguatinguense Denise Ribeiro criou, em Goiânia, uma comissão de conterrâneos dispostos a retomar a realização das Cavalhadas. Em 1997, cavaleiros mouros e cristãos voltaram a percorrer o campo de batalhas da cidade.
Fotos: Auro Giuliano