Após novo bloqueio nas contas de Marcelo Miranda, Justiça encontra apenas R$ 16

Ex-governador e o irmão dele continuam presos em Palmas. Contas do irmão, da deputada estadual Cláudia Lelis (PV) e do diretório regional do MDB também foram bloqueadas.

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Um novo bloqueio nas contas do ex-governador do Tocantins, Marcelo Miranda (MDB), foi determinada pelo juiz Eduardo de Melo Gama, da 1ª Vara da Justiça Federal em Palmas, mas o Banco Central conseguiu localizar apenas R$ 16 nelas. O ex-governador está preso em Palmas suspeito de desviar cerca de R$ 300 milhões dos cofres públicos do estado, em um esquema que envolveria também o pai dele, José Edmar Brito Miranda, e o irmão, Brito Miranda Júnior.

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Além das contas de Marcelo, as do irmão dele também foram bloqueadas. Nelas, foram localizados R$ 14,68. O Diretório Regional do MDB no Tocantins, que é presidido pelo ex-governador, também foi alvo de bloqueios e a Justiça localizou R$ 23,6 mil nestas contas.

As contas da deputada estadual Cláudia Lelis (PV) também foram bloqueadas. Ela foi vice-governadora no último mandato de Marcelo Miranda como chefe do executivo. Na conta dela, foram bloqueados R$ 7.798,59. A decisão é da última sexta-feira (27), mas só se tornou pública nesta segunda-feira (30).

Esta não foi a primeira vez que a Justiça determinou bloqueios nas contas do político, mas não encontrou os valores esperados. O ministro Mauro Campbell tomou uma decisão semelhante no contexto da operação Reis do Gado e encontrou apenas R$ 256,29.

Marcelo Miranda e o irmão seguem presos em Palmas. O ex-governador está há quatro dias em uma sala do Estado Maior no Comando Geral da Polícia Militar e Brito Miranda Júnior na Casa de Prisão Provisória de Palmas, em uma cela para presos com diploma de nível superior.

O pai dos dois, Brito Miranda, foi libertado na semana passada após pagar fiança. Ele tem 85 anos e problemas de saúde e por isso a Justiça permitiu que respondesse em liberdade.

Família Miranda – Foto: Divulgação

O que diz a defesa

A defesa da família Miranda disse que ainda não sabia da decisão. O MDB foi procurado, mas ainda não respondeu. A defesa da deputada Cláudia Lelis disse que houve uma decisão anterior que também determinou o bloqueio de bens dela e que tudo acabou sendo liberado porque ficou comprovado que o único dinheiro encontrado na conta era o do salário dela. Disse ainda que já apresentou defesa e que entende que ela não deveria estar nesse processo, porque não tem relação com os fatos investigados.

A investigação

Conforme a decisão judicial, Brito Miranda, pai do ex-governador, e Brito Miranda Júnior, irmão, funcionavam como pontos de sustentação para “um esquema orgânico para a prática de atos de corrupção, fraudes em licitações, desvios de recursos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais, cujo desiderato [finalidade] era a acumulação criminosa de riquezas para o núcleo familiar como um todo.”

Os investigadores concluíram que os atos ilícitos eram divididos em sete grandes eixos, envolvendo empresas, fazendas, funcionários públicos e laranjas, “que se relacionavam organicamente entre si para o desenvolvimento exitoso das atividades criminosas, mas que funcionavam como grupos formalmente autônomos e independentes, sempre apresentando Marcelo Miranda, Brito Miranda e Brito Júnior como elo de ligação”.

A decisão aponta ainda que, durante as investigações, foram verificados episódios de falsificação de escrituras públicas e registros de imóveis vinculados à família para promover a ocultação e blindagem patrimonial. Também há indícios de ameaças a testemunhas, compra de depoimentos e destruição de provas.

A investigação ainda apontou a utilização de equipamentos de contrainteligência para dificultar e impedir a investigação pelas autoridades policiais. “Assim como a rara utilização do sistema bancário legalizado, consoante teria restado claro a partir do insucesso das medidas de bloqueio determinadas pelo eminente ministro Mauro Campbell Marques”, diz a decisão.

O texto da decisão afirma que a sucessão de atos de investigação não resultou no desmantelamento da organização criminosa, que continuaria em pleno funcionamento através de prepostos. A lavagem de dinheiro se daria pela aquisição de fazendas, aviões, veículos e gado mediante a ausência de escrituração em nome de laranjas.